segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Uma geração chamada “nem-nem”

Jovens que nem estudam e nem trabalham. O número deles está crescendo.
Cuidar dos filhos: uma das razões
para que mulheres jovens nem estudem,
nem trabalhem fora

Foto: Agência Brasil
Um dado preocupante do relatório Education at a Glance 2013 da Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divulguei em post anterior, se refere à continuidade do crescimento da assim chamada geração “nem-nem”. O crescimento das taxas de emprego em alguns países da América Latina, entre eles o Brasil, além da ampliação do acesso à escola, tem colocado em evidência esse grupo de pessoas que não faz nem uma coisa e nem outra. Por isso são chamados geração “nem-nem”.
Eles já são um problema global e um fenômeno identificado há algumas décadas. São jovens que, por diversas razões, não podem ou não querem estudar ou trabalhar, apesar de estarem na idade mais adequada para ambas as coisas. Os “nem-nem” abandonaram o sistema escolar; em geral não terminaram o ensino médio e não conseguem se inserir no mercado de trabalho. Na América Latina existem cerca de 21,7 milhões deles. Apenas no México são oito milhões. Esse número representa a quarta parte da população em idade de finalizar o ensino médio, ir à universidade ou buscar seu primeiro emprego. As médias latino-americanas são semelhantes às dos países de renda elevada.
As razões deste fenômeno são múltiplas. Entre elas estão o uso de drogas; qualificação insuficiente para conseguir emprego; obrigações famílias que restringem o tempo para a vida pública (como no caso das “donas de casa”) e outras. Situações desse tipo fazem com que algumas pessoas simplesmente desistam seja porque não se encaixam nos perfis de profissionais requisitados pelo mercado, seja porque não se sentem atraídas pela escola. Sem perspectivas, o mais comum é que muitas caiam na criminalidade.
No caso do Brasil, um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda. São cerca de 5,3 milhões de jovens, conforme dados do Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, as mulheres, principalmente em razão da maternidade, são a maioria. Elas somam 3,5 milhões contra 1,8 milhão de “nem-nem” do sexo masculino.
No recorte por renda, e na parcela da população com rendimento per capita de até R$ 77,75, a geração "nem-nem" chega a 46,2%. Os dados do IBGE mostram ainda que no Norte e no Nordeste, os “nem-nem” chegam a 25% dos residentes nessa faixa etária, contra 13% no Sul e 16,8% no Sudeste.
O problema é agravado pelas crescentes exigências de formação escolar para se obter um emprego. Em países como como o Brasil, Argentina ou México, por exemplo, é solicitado o ensino médio completo, além de experiência anterior, para um posto de vendedor de telefones celulares.
Os pesquisadores da OCDE acreditam que esse problema pode ser enfrentado e solucionado corrigindo as debilidades com as quais esta geração chega ao mercado de trabalho. Trata-se de oferecer capacitação profissional específica, com o olho nas demandas do mercado. Num outro nível, assegurar a intermediação da para que empregadores e candidatos às vagas se encontrem.
tem que encontrar empregadores e potenciais trabalhadores. O Estado também pode, conforme o parecer da organização, impedir legalmente exigências despropositadas – ainda que compreensíveis – como a exigência do ensino médio completo para certas funções ou a tal da “boa aparência”, coisas que nem para o trabalho, nem para o empregador significam muito, mas servem como filtro para selecionar o universo de possíveis candidatos.
Com informações da Agência Brasil.