Jovens que nem estudam e nem trabalham.
O número deles está crescendo.
Cuidar dos filhos: uma das razões para que mulheres jovens nem estudem, nem trabalhem fora Foto: Agência Brasil |
Um dado preocupante do relatório
Education at a Glance 2013 da Organização para Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divulguei em post anterior, se
refere à continuidade do crescimento da assim chamada geração
“nem-nem”. O crescimento das taxas de emprego em alguns países
da América Latina, entre eles o Brasil, além da ampliação do
acesso à escola, tem colocado em evidência esse grupo de pessoas
que não faz nem uma coisa e nem outra. Por isso são chamados
geração “nem-nem”.
Eles já são um problema global e um
fenômeno identificado há algumas décadas. São jovens que, por
diversas razões, não podem ou não querem estudar ou trabalhar,
apesar de estarem na idade mais adequada para ambas as coisas. Os
“nem-nem” abandonaram o sistema escolar; em geral não terminaram
o ensino médio e não conseguem se inserir no mercado de trabalho.
Na América Latina existem cerca de 21,7 milhões deles. Apenas no
México são oito milhões. Esse número representa a quarta parte da
população em idade de finalizar o ensino médio, ir à universidade
ou buscar seu primeiro emprego. As médias latino-americanas são
semelhantes às dos países de renda elevada.
As razões deste fenômeno são
múltiplas. Entre elas estão o uso de drogas; qualificação
insuficiente para conseguir emprego; obrigações famílias que
restringem o tempo para a vida pública (como no caso das “donas de
casa”) e outras. Situações desse tipo fazem com que algumas
pessoas simplesmente desistam seja porque não se encaixam nos perfis
de profissionais requisitados pelo mercado, seja porque não se
sentem atraídas pela escola. Sem perspectivas, o mais comum é que
muitas caiam na criminalidade.
No caso do Brasil, um em cada cinco
brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda. São cerca
de 5,3 milhões de jovens, conforme dados do Censo de 2010, realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse
total, as mulheres, principalmente em razão da maternidade, são a
maioria. Elas somam 3,5 milhões contra 1,8 milhão de “nem-nem”
do sexo masculino.
No recorte por renda, e na parcela da
população com rendimento per capita de até R$ 77,75, a geração
"nem-nem" chega a 46,2%. Os dados do IBGE mostram ainda que
no Norte e no Nordeste, os “nem-nem” chegam a 25% dos residentes
nessa faixa etária, contra 13% no Sul e 16,8% no Sudeste.
O problema é agravado pelas crescentes
exigências de formação escolar para se obter um emprego. Em
países como como o Brasil, Argentina ou México, por exemplo, é
solicitado o ensino médio completo, além de experiência anterior,
para um posto de vendedor de telefones celulares.
Os pesquisadores da OCDE acreditam que
esse problema pode ser enfrentado e solucionado corrigindo as
debilidades com as quais esta geração chega ao mercado de trabalho.
Trata-se de oferecer capacitação profissional específica, com o
olho nas demandas do mercado. Num outro nível, assegurar a
intermediação da para que empregadores e candidatos às vagas se
encontrem.
tem que encontrar empregadores e
potenciais trabalhadores. O Estado também pode, conforme o parecer
da organização, impedir legalmente exigências despropositadas –
ainda que compreensíveis – como a exigência do ensino médio
completo para certas funções ou a tal da “boa aparência”,
coisas que nem para o trabalho, nem para o empregador significam
muito, mas servem como filtro para selecionar o universo de possíveis
candidatos.
Com informações da Agência Brasil.