quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Violência no Brasil vai atingindo níveis epidêmicos

Pouco preparada, polícia brasileira é uma das mais letais do mundo
Em meio aos pedidos de medidas mais enérgicas de enfrentamento ao Black Bloc, e ao aumento da sensação de insegurança devido ao destaque dado pela mídia aos confrontos, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou a sétima edição de seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os números, especialmente os relativos ao estupro de mulheres e os que retratam a intensidade da violência policial ganharam destaque nos noticiários.
O relatório mostra que a polícia brasileira é uma das mais violentas do mundo. Pelo menos cinco pessoas são vítimas da intervenção policial no Brasil todos os dias. Em 2012, 1.890 pessoas foram mortas em confronto com policiais em serviço. Por outro lado, o risco de um agente policial morrer assassinado no Brasil é três vezes maior que em países como os EUA.
No caso dos estupros, o número deles no Brasil subiu 18,17% em 2012 na comparação com 2011.
Em todo o país, foram registrados 50,6 mil casos. Esse número supera o total de homicídios homicídios dolosos (com intenção de matar) ocorridos em 2012 quando foram registradas 47,1 mil ocorrências.
A presidenta Dilma classificou esses números como alarmantes. São mesmo.
Por trás dessa realidade assustadora, os dados revelam um sistema de segurança ineficiente, com policiais mal pagos, baixas taxas de esclarecimento de delitos, precárias condições de encarceramento e altos níveis de letalidade das operações.
O relatório mostra diversas inciativas que vem sendo tomadas para a melhoria do sistema, tais como a informatização, modernização tecnológica, mudanças no currículo de ensino policial, entre outras. Todavia, são mudanças ainda incompletas e que, além disso, não são suficientes para mudar a cultura organização anacrônica e ainda baseada na ostensividade.
Há que se notar que os gastos com segurança pública no Brasil registraram, em 2012, um crescimento de 15,8% em relação ao ano anterior. Foram destinados para o setor, no ano passado, R$ 61,1 bilhões.
Além disso, os próprios organizadores reconhecem que os dados do Anuário no recorte por estados não são confiáveis, especialmente no caso da região Norte. Acontece que eles são fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança que não possuem uma metodologia unificada e costumam ser de baixa qualidade. Ou seja, a realidade pode ser ainda pior.
Sem dúvida, esses números ajudam a explicar a insatisfação da população com a polícia – insatisfação que cresceu nos últimos doze meses. O Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que integra a sétima edição do Anuário, mostra que 70,1% da população não confia no trabalho das diversas polícias no País, 8,6 pontos porcentuais acima do registrado no primeiro semestre de 2012.
 Moral da história: outra política de segurança é necessária.
Acesse a integra da 7ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Acesse o site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.