Pouco preparada, polícia brasileira é
uma das mais letais do mundo
Em meio aos pedidos de medidas mais
enérgicas de enfrentamento ao Black Bloc, e ao aumento da sensação
de insegurança devido ao destaque dado pela mídia aos confrontos, o
Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou a sétima edição
de seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os números, especialmente os relativos
ao estupro de mulheres e os que retratam a intensidade da violência
policial ganharam destaque nos noticiários.
O relatório mostra que a polícia
brasileira é uma das mais violentas do mundo. Pelo menos cinco
pessoas são vítimas da intervenção policial no Brasil todos os
dias. Em 2012, 1.890 pessoas foram mortas em confronto com policiais
em serviço. Por outro lado, o risco de um agente policial morrer
assassinado no Brasil é três vezes maior que em países como os
EUA.
No caso dos estupros, o número deles
no Brasil subiu 18,17% em 2012 na comparação com 2011.
Em todo o país, foram registrados 50,6
mil casos. Esse número supera o total de homicídios homicídios
dolosos (com intenção de matar) ocorridos em 2012 quando foram
registradas 47,1 mil ocorrências.
A presidenta Dilma classificou esses
números como alarmantes. São mesmo.
Por trás dessa realidade assustadora,
os dados revelam um sistema de segurança ineficiente, com policiais
mal pagos, baixas taxas de esclarecimento de delitos, precárias
condições de encarceramento e altos níveis de letalidade das
operações.
O relatório mostra diversas inciativas
que vem sendo tomadas para a melhoria do sistema, tais como a
informatização, modernização tecnológica, mudanças no
currículo de ensino policial, entre outras. Todavia, são mudanças
ainda incompletas e que, além disso, não são suficientes para
mudar a cultura organização anacrônica e ainda baseada na
ostensividade.
Há que se notar que os gastos com
segurança pública no Brasil registraram, em 2012, um crescimento de
15,8% em relação ao ano anterior. Foram destinados para o setor, no
ano passado, R$ 61,1 bilhões.
Além disso, os próprios organizadores
reconhecem que os dados do Anuário no recorte por estados não são
confiáveis, especialmente no caso da região Norte. Acontece que
eles são fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança que
não possuem uma metodologia unificada e costumam ser de baixa
qualidade. Ou seja, a realidade pode ser ainda pior.
Sem dúvida, esses números ajudam a
explicar a insatisfação da população com a polícia –
insatisfação que cresceu nos últimos doze meses. O Índice de Confiança na Justiça
Brasileira (ICJBrasil), realizado pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) e que integra a sétima edição do Anuário, mostra que 70,1%
da população não confia no trabalho das diversas polícias no
País, 8,6 pontos porcentuais acima do registrado no primeiro
semestre de 2012.
Moral da história: outra política de
segurança é necessária.
Acesse a integra da 7ª Edição do
Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Acesse o site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Acesse o site do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.