Atílio Boron, Boaventura dos Santos,
Francis Fukuyama, Manuel Castells, Marilena Chaui
e Muniz Sodré
Da profusão de
artigos e entrevistas sobre os recentes protestos, selecionei seis,
com diferentes pontos de vista – do esquerdismo de Boron ao neo-conservadorismo de Fukuyama. Divirtam-se.
Atilio Boron
Este artigo ilustra o pensamento mais à
esquerda do espectro político. Atilio A. Boron faz a crítica aos
governos do PT, defende a radicalização do protagonismo popular um
um novo sistema de alianças mais coerente com a luta
anticapitalista, segundo ele. Boron, um dos mais respeitados
intelectuais latino-americanos da atualidade, foi agraciado em 2009
pela Unesco com o Premio Internacional José Martí por sua
contribuição para a unidade e integração dos países da América
Latina e Caribe. O artigo foi publicado no síte do Partido Comunista
Brasileiro (PCB) e a tradução é do próprio PCB. O preço do progresso e os dois Brasis
Boaventura dos Santos
O governo Dilma permitiu a
desaceleração e mesmo estancamento de processos profundos de
transformação da realidade brasileira iniciados com Lula. Com isso,
voltaram a ganhar força, sob as novas roupagens, novas e velhas
formas de corrupção, bem como a agenda conservadora.
Para entender os protestos – que
foram enorme surpresa internacional – deve-se examinar as agendas
interrompidas no governo Dilma – e a que se impôs. Boaventura de
Sousa Santos é Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra, um dos maiores nomes da
sociologia mundial, com uma trajetória marcada pela pesquisa de
novas formas de participação e emancipação política e social.
Do Brasil àTurquia, uma revolução da classe média
Francis Fukuyama
Do Brasil àTurquia, uma revolução da classe média
Francis Fukuyama
O recente
crescimento econômico do Brasil produziu uma classe média
empreendedora, emanada do setor privado e que tanto pode servir de
base para uma nova coalizão por reformas quando pode dissipar suas
energias. Nada garante que o Brasil vai seguir um caminho reformista
na esteira dos protestos. Vai depender muito da liderança. Francis
Fukuyama é um cientista político norte-americano e membro sênior
do Center on Democracy, Development and the Rule of Law at Stanford
University. Conhecido pelos livros O Fim da História e o Último
Homem, é um dos expoentes do pensamento neo-conservador atual.
O povo não vai se cansar de protestar
O povo não vai se cansar de protestar
Em entrevista só jornal O Globo, o
sociólogo catalão Manuel Castells afirma que ausência de líderes
é uma das qualidades dos protestos e que movimento no Brasil vai
influenciar países vizinhos. Castells é um dos maiores nomes da
sociologia mundial, especialmente conhecido por suas pesquisas sobre
as novas tecnologias de informação e seus impactos sobre a
economia, a cultura e a organização social.
As manifestações de junho de 2013 na cidade de São Paulo
Marilena Chaui
As manifestações de junho de 2013 na cidade de São Paulo
Marilena Chaui
A maioria dos manifestantes aderiu à
mensagem ideológica difundida anos a fio pelos meios de comunicação
de que os partidos são corruptos por essência. Neste sentido,
aderem à perspectiva da classe média conservadora. As saídas
passam por promover uma prática inovadora capaz de criar
instituições públicas que impeçam a corrupção, garantam a
participação, a representação e o controle dos interesses
públicos e dos direitos pelos cidadãos. Marilena Chaui é
professora de filosofia e historiadora de filosofia brasileira. Além
de extensa produção acadêmica, foi Secretária Municipal de
Cultura de São Paulo, de 1989 a 1992, durante a administração de
Luiza Erundina. (1988-1992), e filiada ao Partido dos Trabalhadores
(PT).
Muniz Sodré
Ainda não temos um guia para a
perplexidade sobre políticos, jornalistas e alguns acadêmicos a
propósito das manifestações de rua. As análises oscilam entre uma
difusa indignação com o estado de coisas e a atração pela pura e
simples ausência de finalidade. Muniz Sodré é jornalista,
sociólogo, e um dos mais prestigiados pesquisadores do Brasil e da
América Latina na área de comunicação.