quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Brasil vai devagar em ranking mundial da desigualdade de gênero

Fórum Econômico Mundial divulga oitava edição do The Global Gender Gap Report
A desigualdade de gênero na América Latina e no Caribe diminuiu 70% desde que o Fórum Econômico Mundial calculou o índice pela primeira vez, em 2006. É a melhor taxa de redução em todas as religiões do planeta. Nesse período o Brasil, entretanto, praticamente não saiu do lugar. Subiu apenas cinco posições e ocupada a 62ª posição mundial.
Esses números no Relatório Global sobre Desigualdade de Gênero 2013. Esta é a oitava edição do relatório. O estudo contempla 136 países e são considerados fatores como a capacidade de reduzir a desigualdade de sexo nas áreas consideradas vitais para a saúde e a sobrevivência (salários, participação e empregos de alta qualificação), acesso à educação (acesso ao ensino de base e superior), participação política (representação em estruturas de tomada de decisões) e igualdade econômica (expectativa de vida e proporção entre sexos).
Na América Latina, a Nicarágua foi considerado o país que mais avançou no período, ocupando a 10ª posição. Cuba fico com o 15º lugar. O México melhorou 16 posições e alcançou 68º lugar
Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia e Filipinas lideram o ranking mundial.
O Brasil, parece, vai estabelecendo muito vagarosamente uma política clara nesse terreno. Em 2006 estávamos no 67º lugar da lista. Em 2010 fomos para a 85ª posição. Em 2011, passamos para 82ª. E agora chegamos à 62ª posição mundial.
Acesse o relatório completo (em inglês) The Global Gender Gap Report 2 013.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Dona Etelvina, os acidentes no trânsito e os limões do Wandercleif

Segundo pesquisas, 21,3% dos acidentes
com motos envolvem o uso de drogas ilegais
ou álcool
Trânsito brasileiro é o 5° mais violento do mundo. Razões é que não faltam.
Que os acidentes de trânsito são de matar, isso todo mundo sabe. Principalmente no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nosso país ostenta o 5° lugar mundial entre os trânsitos mais violentos do mundo. Números apontados pelo sistema de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), indicam que são 150 mortes por dia em todo o país. Isso resulta na bagatela de 54.00 almas enviadas ao além, quem sabe prematuramente, todos os anos.
Outro importante levantamento, realizado pelo Instituto Sangari, especializado em pesquisas científicas, aponta que o Brasil é o segundo país do mundo em mortes em acidentes de motos. Nos últimos 15 anos a taxa de mortalidade em acidentes com os veículos sobre duas rodas aumentou cerca de 846%, enquanto a de carros, com suas saudáveis quatro rodas, cresceu apenas 58%. É evidente que tanto num caso quanto no outro, o trânsito é um inferno. Mas, no caso no que se refere às motos, é evidente que o capeta é mais sedutor e mais guloso.
Além de aumentar as estatísticas de mortes e acidentes no trânsito, esses aventureiros também causam um rombo aos cofres públicos. Somente no estado de São Paulo, o SUS gasta cerca de 57 milhões de reais a cada ano para com as vítimas graves de acidentes. O Ministério da Saúde garante que cada paciente internado por seis meses em um hospital custa qualquer coisa a partir de 300 mil reais. Todos os dias vemos nos telejornais e nos impressos notícias sobre o assunto. Mostram ousadias e imprudências flagradas ao vivo. Gente sem cinto de segurança, motoristas que não sinalizam com antecedência ao fazer manobras, pilotos de Fórmula 1 em vias locais. Nem assim eles aprendem.
Minha velha amiga Dona Etelvina, sem querer, entrou para essas estatísticas, como vítima indireta. Afinal, sofrimento pelos outros também conta. Segundo ela, seu sobrinho Wandercleif (juro que é assim que se escreve) foi praticamente morto num acidente de trânsito, e com moto. Ele e seus chegados bebiam latas, cascos, copos e o que mais houvesse pela frente, devidamente embalados pelo ritmo pagodeiro do Zeca e outros igualmente competentes, quando, não mais que de repente, acabaram os limões. Partiram ele e Heitor das Moças, acelerados, antes que o mercado fechasse. Ele no guidom, Heitor na garupa. Na volta, foram parar na UPA JK, nosso único Pronto Socorro central até o momento, por conta de um cachorro bandido que atravessou a pista sem obedecer ao sinal. Em lágrimas, e do fundo de sua angustia, Dona Etelvina me contou toda a história de dor e desespero familiar a que foram submetidos.
– Dotô, cheguei no JK e não tinha médico cubano que desse conta daquilo. Era estropiado pra tudo que é lado. Sexta à noite e fim de semana é assim mesmo. Só dá maluco. Graças a Deus não era nada demais. Só o braço quebrado. O Heitorzim nem isso. Só umas esfoladuras aqui e ali.
–  Menos mal, respondi. Que bom que os dois não tiveram nada nada mais grave...
– É. Mas sabe qual foi a primeira coisa que o  Wandercleif me perguntô quando me viu?
– Me conte, Dona Etelvina...
– “Acharo os limão?” Pode uma coisas dessas, dotô?
Realmente, eles não aprendem.

Dilma de volta às redes

Hiperatividade de Dilma nas redes chama a atenção
"A Presidente do Brasil Dilma Rousseff é o perfeito exemplo de líderes mundiais que descobriram o Twitter durante a campanha eleitoral e, uma vez eleitos, abandonaram seus seguidores. Sua 'aventura no Twitter', como ela disse em seu primeiro tweet, em abril de 2010, durou até 13 de dezembro do mesmo ano. Quando foi eleita, em novembro de 2010, ela tinha 200.000 seguidores. Hoje, conta com mais de 1,8 milhões de seguidores, apesar de nunca mais ter enviado um único tweet desde dezembro de 2010. Sua última postagem, retuitada mais de 6.000 vezes diz: 'Estou Feliz por ter sido a sensação do Twitter em 2010. Com a esperança de ter mais tempo para estar aqui com você. Vamos conversar mais em 2011.” Seus seguidores ainda estão à espera para o resto da discussão ...
Dilma Rousseff marcou "retomada"
no Twitter com encontro com autor
da sátira Dilma Bolada
 O parágrafo acima, em tradução livre, foi retirado do estudo Twiplomacy 2013, realizado pela empresa de consultoria Burson-Marsteller, e divulgado em junho deste ano. O trabalho analisa o uso do Twitter pelos líderes globais e seus respectivos governos.
Parece que a presidenta resolveu fazer as pazes com os tuiteiros. Ela voltou a postar em 27 de setembro último, depois de mais de 32 meses sem usar o microblog.
De acordo com os jornais, desde a mudança de postura, a presidenta ganhou mais de 40 mil “amigos” no Facebook, e ampliou em mais de 90 mil o número de seguidores no Twitter, que já alcança os 2 milhões.
Alguns analistas parecem céticos com a iniciativa. Consideram que a cláusula pétrea das redes é a interação. Dai que não bastaria à presidenta postar. Ela também precisaria retuitar, responder e que tais.
Pode ser. Certamente os cérebros pensantes que assessoram a presidência vão levar esse problema em consideração.
Todavia, antes de tudo, Dilma é fonte de informação. Outros estudos mostram que as grandes fontes não necessariamente interagem. Apenas fixam a informação que desejam ver repercutida e contam com sua rede de adeptos para isso.
De toda forma, é uma boa notícia. O que se viu durante os protestos de junho é que o Governo Federal estava completamente off.
A volta de Dilma ao Twitter foi acompanhada por  várias outras iniciativas de reforço da presença do governo na Internet. Entre elas, a a reformulação do Portal Brasil (www.brasil.gov.br), o lançamento do Participatório (uma rede social para a discussão de temas políticos), a abertura de uma conta no Instagram e o aumento da frequência de atualizações da página da presidenta no Facebook.
A conta oficial de Dilma no Twitter é @dilmabr
Com informações da BBC Brasil.
Acesse a pesquisa Twiplomacy 2013.

A paisagem religiosa global

Mais de oito em cada dez pessoas no mundo afirmam ter alguma religião
Estima-se que existam no mundo cerca de 5,8 bilhões de adultos e crianças afiliados a alguma religião. Isso significa 84% da população em 2010, estimada à época em 6,9 bilhões.
Esses números são do último levantamento realizado pelo Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life (algo como Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública), como parte de um projeto que pretende avaliar as mudanças religiosas e seu impacto sobre as sociedades.
O estudo é relevante por sua profundidade e alcance. Foram investigados 230 países e territórios, e mais de 2.500 censos, inquéritos e registros da população. O resultado inclui as grandes religiões mundiais, tais como o cristianismo e o islamismo, o grupo de pessoas que se declara sem religião e, inclusive, as chamadas religiões “tradicionais”, ou seja, as crenças tribais e étnicas ainda existentes. Trata-se, portanto, de um levantamento que alcança 100% da população estimada para o ano de 2010. Os investigadores alertam que alguns países publicaram censos logo após a divulgação da pesquisa. Isso pode implicar em pequenas diferenças regionais que, entretanto, não comprometem o resultado final.
Os números apresentados, naquilo que se refere às grandes religiões conhecidas, confirmam as conclusões de outros pesquisadores. O cristianismo é a maior religião do planeta, com 2,2 bilhões de adeptos (32% da população mundial). Em seguida estão os muçulmanos que somam 1,6 bilhão de pessoas (23% da população mundial).
O terceiro maior grupo é formado por aquele que não se identificam com nenhuma das religiosidades reconhecidas. Entre eles estão ateus, agnósticos e indivíduos que acreditam em Deus, deuses ou em algum ser considerado superior. Esse grupo soma pelo menos 1 bilhão de pessoas e representa 16,3% da população do planeta.
Fonte: Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life
Outro dado relevante é que apenas nove países não têm uma maioria religiosa clara. São Guiné Bissau, Costa do Marfim, Macau, Nigéria, Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan, Togo e o Vietnã. Nos demais sempre há algum grupo preponderante. Entretanto, pelo menos 3/4 (73%) da população mundial vivem em países onde sua religião é a majoritária. Os hindus e os cristãos são os que se encontram em posição mais confortável nesse quesito.
A religião que possui seguidores com idade média mais elevada é o judaísmo (36 anos). Os muçulmanos são os que possuem seguidores com idade média mais baixa: 23 anos. A diferença na idade média dos seguidores entre as diversas religiões, em parte, se deve à distribuição geográfica dos grupos. Por exemplo, aqueles que possuem um grande número de adeptos nos chamados países em desenvolvimento tendem a concentrar, nesses países, um número maior de jovens. As religiões mais fortes na China e nos países de industrialização mais antiga, e onde o crescimento populacional é mais lento, possuem o maior número de seguidores mais velhos, também nessas localidades.
Fonte: Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life
Acesse o estudo completo (em inglês) no site do Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mulher é reduzida a corpo e bunda em comerciais de TV

Publicidade no padrão europeu,
feita de elite para elite
Data Popular aponta conflito entre publicidade e mulheres reais
Uma pesquisa realizada em maio pelo Instituto Data Popular em parceria com o Instituto Patrícia Galvão traçou uma comparação entre as mulheres mostradas pela publicidade e as mulheres da vida real. E, ao que tudo indica, os publicitários andam dando seguidos tiros nos pés.
O estudo relevou um forte distanciamento entre essas duas pontas. Para 56% dos entrevistados, homens e mulheres, as propagandas na TV não mostram brasileiras reais e para 58% as mulheres são reduzidas a “corpo e bunda”.
A importância das mulheres no mercado de consumo é enorme. De acordo com o Data Popular, elas são responsáveis por 85% das decisões sobre o consumo doméstico que movimenta uma massa de recursos estimada em R$ 1,1 trilhão.  Elas chefiam 38% dos lares brasileiros e são majoritariamente negras. Além disso, nos últimos 20 anos, a participação feminina no mercado de trabalho cresceu cerca 162%.
A pesquisa mostra que a chamada propaganda “boca a boca” influencia 7 em cada 10 mulheres na hora das compras. O distanciamento entre a publicidade de TV e o mercado feminino é, portanto, um desastre para as empresas.
Na opinião dos analistas do Data Popular, e a pesquisa registra isso, as agências até avançaram na apresentação de conteúdos que retratam um perfil de mulher mais inteligente, independente e que valoriza a conquista e o mérito próprio (67% dos entrevistados concordam com isso).
Mas pecam na estética ultrapassada que visa agradar a um público de elite (as classes A e B), e não o consumidor final, de Classe C. Por isso, essa estética ainda está presa a um padrão europeu: mulheres brancas, de olhos claros, magra, altas e de cabelos lisos.

Para a pesquisa, foram realizadas 1.501 entrevistas com homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país.
Acesse a integra da pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV.

Os Pombos 61

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“Las protestas en Brasil son sanas”

Entrevista de Lula ao jornal El Pais
A entrevista que Lula concedeu ao jornal El Pais no último dia 20 causou sensação. Por aqui foi divulgada com manchetes como “Lula cobra desapego de petistas por cargos públicos” (Valor) ou “Em entrevista a jornal espanhol, Lula critica o PT” (Globo). Os jornalões não perdem mesmo a chance de promover uma intriga. Confira a entrevista na integra, com tradução do PT Senado.
El País - Vou dizer que eu não preparei perguntas… Li páginas e páginas de sua vida e seus milagres e, salvo algo que queria dizer para iniciar a conversa, não trago nada a priori.
Lula - Nem eu preparei as respostas…
Começamos bem, então. Só uma coisa dá voltas em minha cabeça. Tanta universidade de prestígio para preparar líderes mundiais, tanto cérebro, muito estudo, para que venha alguém como você, sem qualquer título, formado na dureza das ruas e se convertendo num ícone mundial que quebra recordes.
Políticos devem entender um problema. Nas últimas três décadas, mas principalmente mais tarde, depois de um consenso entre Thatcher e Reagan, o mundo tornou-se governado por uma lógica muito burocrática, técnica, menos política. A economia começou a determinar a direção do governo, e não o inverso. Isso, na minha opinião, é um grande erro. Um grande político será capaz de montar uma boa equipe técnica. Mas se você é um bom técnico, talvez você não seja capaz de tomar boas decisões políticas. Por quê? As universidades não formam prefeitos, governadores ou presidentes de países. Essa experiência se adquire na relação que você tem com as pessoas, com os grupos políticos com os quais você está comprometido, com sua capacidade de viver democraticamente na diversidade. Um técnico pode se sentar em uma mesa e elaborar um documento extraordinário, mas para um político, se ele não sabe comunicar esta proposta no momento certo para as pessoas certas, e se não conversa com as pessoas envolvidas na sua decisão, as coisas não se concretizam.
Em outras palavras, a política é uma boa combinação de…
Bons políticos precisam de bons técnicos. Tomemos o exemplo de Sebastián Piñera no Chile, um grande empresário que está descobrindo que o exercício do governo, lidar com opositores interesses diversos, é mais difícil tomar uma decisão para sua empresa. Quando você é apresentado a uma crise interna, você tende a buscar técnicos que a resolvam no lugar de políticos. Por exemplo, na Europa, na minha opinião, enfrenta uma situação que afeta o mundo inteiro por falta de decisão política, não econômica. Antes, quando as crises afetavam a Bolívia, o Brasil, o FMI sabia tudo. Por que agora não tem ideia de como resolver a situação?
Isso. Por quê?
Porque é um problema político. As decisões não foram tomadas na hora certa. No fundo se permitiu os mesmos ajustes que são feitos em países pobres. Espanha e Grécia, com suas rendas per capita, poderiam fazer ajustes de mais longo prazo, e não em tão curto, asfixiando a economia, com base em enormes sacrifícios e sem ter em conta o que vai custar às pessoas para se recuperarem.
Técnicos, com a sua lógica de negócios.
Os técnicos especialistas em salvar bancos!
Então, aqui estamos, olhando para a cena política. Porque essa arte deve unir sentido comum e paixão. É o que está faltando a vários técnicos?
Até o momento já foram usados quase 10 bilhões de dólares para resolver o problema da crise. Não conseguiram. Tampouco existem sinais claros no curto prazo. Com esse dinheiro, quanto não se poderia fazer para elevar o padrão de vida dos mais desfavorecidos. Na América Latina, na Europa, na África. Creio que se a política tivesse prevalecido sobre os aspectos técnicos e da burocracia, as pessoas sofreriam menos. No momento em que o mundo precisava de mais comércio, diminui; quando precisávamos de mais empregos, também caíram. E os banqueiros, até agora, ainda não pagaram a conta.
Mas com líderes que temos na Europa…
Devo ser justo, eu sou um grande defensor do que foi alcançado com a construção da Europa. Foi um esforço coletivo histórico. Mas a verdade é que as organizações que a dirigem são frágeis. Eu poderia citar uns quantos líderes capazes de estar no comando da comissão.
Vamos falar sobre isso.
Não posso.
Para quem não preparou respostas, alguém poderia pensar o contrário.
Não digo nomes porque é uma falta de respeito por parte um ex-presidente de um país; poderia ser considerado uma ingerência.
Um pouco de luz, de experiência, nada de ingerência.
Quando o Barcelona quer ganhar do Real Madrid quer, sabe que tem que usar sua força total, e vice-versa. Na política, em tempos difíceis, você deve reunir todas as pessoas relevantes para tomar decisões em comum: é preciso ouvir os sindicatos, empresários, especialistas, acadêmicos, sociedade civil e construir uma proposta que contemple a maioria dos representantes do país. Mas se está pensando do ponto de vista estritamente técnico. A impressão que tenho é que a chanceler Merkel assumiu um superpapel na União Europeia e todos dependem dela, vão atrás, quando são 28 países e Alemanha é quem determina seu comportamento, seus ajustes. E agora que ela foi reeleita, qual discurso faz?
Que tudo continue igual.
Trabalhar, controlar os gastos, ao invés de buscar soluções comuns, no âmbito político. Quem sofre na Espanha? Os banqueiros? Os grandes empresários? Não. Os jovens com expectativas de encontrar emprego, estes sim. Com isso, não quero dizer que eu tenho a solução para tudo, mas simplesmente que, sem discutir politicamente o problema, é mais complicado encontrar a saída. Muito mais difícil. Mais ainda num mundo que em que a economia está globalizada e as decisões políticas são tomadas em nível nacional. Precisamos de instituições multilaterais fortes para ajudar a cumprir as medidas. Não como o FMI, que vinha aqui todos os meses e nos dizia o que fazer. Até que a Europa não lhes prestasse atenção, não nos demos conta que não tinham importavam.
Eu o vejo em forma… Mas para quê? Aonde você quer chegar?
Quando uma pessoa completa 60 anos, e eu estou com 68, nossas expectativas futuras são menores. Quando eu tinha 18 anos, o mundo e a vida eram infinitos. Hoje, não. O tempo que me resta é muito mais curto do que aquele deixado para trás, mas não penso nisso o dia todo. Eu me cuido mais do que eu me cuidava.
Talvez a quantidade de tempo seja menor, mas você não desejaria que a qualidade fosse maior? Depois de derrotar a doença, o câncer, eu o vejo querendo voltar para a linha de frente.
Não, não, não. Só tenho vontade de sobreviver. Há algum tempo me operaram de um câncer e graças a Deus me recuperei e tenho trabalhado muito, eu diria que mais do que quando era presidente. (…) O que eu quero fazer realmente é tentar, através do meu instituto, é contribuir para o desenvolvimento na América Latina, na África, com experiências de sucesso que temos alcançado no Brasil, porque sim, é possível cuidar dos pobres, e eles não custam muito dinheiro. Se você lhes dá acesso a recursos, eles se tornam consumidores e aí a indústria produz, o comércio vende, se cria emprego, mais salários, e assim se forma um círculo virtuoso em que se produz, se consome, se estuda, existe acesso à cultura …
Um círculo virtuoso com o qual os jovens no Brasil não parecem satisfeitos. Daí os protestos?
Isso é importante. E damos muito valor. Estes protestos são saudáveis. Um povo com fome não tem vontade de lutar. Quando 40 milhões de pessoas passaram para a classe média, quando em 2007 havia 48 milhões de pessoas que podiam viajar de avião e em 2013 esse número subiu para 103 milhões, um país que produziu 1,5 milhões de carros e agora chega a 3,8 milhões…
Muitos, se olharmos para os engarrafamentos de trânsito aqui em São Paulo. Mais Metrô e menos carros não seria mal.
Um país que era a décima maior economia do mundo.
Vê como tem preparadas as respostas…?
Deixe-me concluir o raciocínio… E que em 2016 será a quinta maior economia do mundo, produziu uma sociedade que quer mais, é normal. A sociedade descobriu que é possível querer mais. Conseguimos em 10 anos passar de 3 milhões de graduados universitários para 7 milhões. Em 10 anos, conseguimos mais do que havíamos conseguidos em todo século 20, e isso desperta na sociedade o fato de querer mais. Temos que louvar a participação democrática e não permitir que os jovens reneguem a política, porque quando isso acontece, o que vem é o fascismo. Queremos que os jovens discutam abertamente para que sintam que fora dela não há outro caminho.
Tenha cuidado com tanto universitário, vão aparecer técnicos demais.
Precisamos de bons profissionais…
Isso sim. O que está claro é que Dilma Rousseff entendeu bem o grito das ruas, tem se mostrado sensível, mas você também tem sido crítico de certas atitudes de seu próprio partido. Não estão sabendo digerir a situação?
O Partido dos Trabalhadores completou 33 anos de vida. Quando se chega a isso, quem começou aos 35 anos deve dar vez a uma nova geração. Este é um partido que foi criado pelos trabalhadores e dirigido por eles, e se tornou o mais importante na esquerda da América Latina.
Você disse hoje “esquerda”, mas em alguns momentos deu a entender que não é.
Você me faz outra pergunta quando não terminei a resposta anterior… Eu digo que o PT é o mais importante da esquerda latino-americana.
Mas não uma esquerda clássica?
Nós o estamos construindo com a nossa própria experiência. O que eu digo é que era um pequeno partido que mais tarde se tornou grande, e como tal, foram aparecendo defeitos. Gente que valoriza muito Parlamento; outros, os cargos públicos…
Com um grande processo de corrupção no meio.
Também, mas quando esse acabar entramos em outro. Queria dizer que as pessoas tendem a esquecer os tempos difíceis em que achávamos bonito carregar pedras. Acreditávamos, era maravilhoso. Um grupo mais ideológico, a gente trabalhava de graça, de manhã, de tarde, de noite. Agora você faz uma campanha e todo mundo quer cobrar. Não quero voltar às origens, mas gostaria que não nos esquecêssemos de para quê fomos criados. Por que queríamos chegar ao governo? Não para fazer igual aos outros, mas para agir de forma diferente.
E para que valha a frase que você repete insistentemente e pela qual o criticam tanto: “Nunca antes na história do Brasil…”. Mas você dizia que, no processo de crescimento…
A corrupção aparece.
Os partidos são como os seres vivos? Vão se deteriorando?
O que eu digo aos companheiros é que só há uma maneira de não ser investigado neste país: não cometer erros. Duvido que exista no mundo um país com o número de auditorias que o Brasil tem. Noventa por cento das denúncias que aparecem são feitas pelo próprio governo. Nós contratamos policiais, reforçamos os serviços secretos, fortalecemos o controle das contas públicas… Quanto mais transparência, melhor. O que não se pode admitir é que, depois que uma pessoa passa por um processo e não se descobre nada, não se peça desculpas. Por isso que eu me preocupo com essas condenações a priori. No caso dos companheiros do PT, já foram previamente condenados. Alguns meios de comunicação fizeram isso, independentemente do julgamento, incluindo prisão perpétua. Alguns nem podem sair na rua. Eu insisto: temos de ser 150% corretos, porque se estamos errados em 1%, aos olhos dos nossos adversários e alguns meios de comunicação, elevarão a uns 1,000%. Às vezes me queixo, mas acho bom que nos controlem. Muitas vezes nos criticam pelo que temos de bom. Como uma árvore, se separa a que não dá bons frutos.
Esta sua tolerância com os meios de comunicação que o atacam não poderia ser transferida a colegas seus da esquerda latino-americana que preferem fechá-los? Correa no Equador, Maduro na Venezuela, Cristina Fernández na Argentina…
Eu sou um democrata. Defendo a liberdade de imprensa. Sou o resultado disso. Nunca a imprensa brasileira falou bem de mim, mas nunca me importei. Nunca pedi favores, nem peço. Quem julga a imprensa são os leitores, o público. Mas em alguns países latino-americanos devemos adaptar as leis aos tempos que vivemos. No Brasil, existem nove famílias que controlam os meios de comunicação, o que mudou um pouco esse panorama foi a Internet. Não se trata de entrar em conteúdos, obviamente, mas sim democratizar, ampliar o acesso.
Você vai se candidatar em 2014?
Não. Eu tenho minha candidata, que é Dilma, e eu vou trabalhar para ela.
Imagine-se voltando e o panorama que se encontra agora. O que mudou na América Latina nas últimas décadas! Até que a Teologia da Libertação entrou no Vaticano de mãos com o papa Francisco. Que coisa!
Ninguém imaginava que na América Latina se produziriam tantas mudanças em tão pouco tempo. Mas isso aumenta a nossa responsabilidade. Quanto mais importante você é, mais obrigações deve assumir.
Verdade.
Voltando à Europa. Qualquer líder que está na oposição sabe as mudanças que devem ser aplicadas ao chegar ao cargo. Hollande, por exemplo, sabia durante a campanha.
Mas parece ter esquecido em alguns aspectos.
Tive uma conversa extraordinária com ele. Eu sou um amigo dele de antes. E lhe disse: você não pode esquecer o seu discurso ao se tornar presidente. Pegue suas propostas, marque-as, coloque-as na cabeceira da cama e não se esqueça nunca de por que te elegeram. A Obama comentei: você tem que limitar-se a mostrar a mesma coragem que mostrou o povo americano ao te eleger presidente.
Alguns podem pensar que tal conselho seriam bem vindos a você quando se tornou presidente e teve uma crise de pragmatismo.
Não, não, não. Tenho sido um político humilde. No meu discurso de posse eu formulei três coisas que mantive em todo meu mandato: primeira, fazer o necessário; depois, o possível; e, por último, quando menos esperamos, estaremos fazendo o impossível. Se ao final consegui que os brasileiros se levantassem e tomassem café, almoçassem e jantassem, cumpri a missão da minha vida.
A utopia possível? Sem nenhum problema?
Fizemos mais do que isso, ao definir o que queríamos.
Vejo o sonho de uma criança comendo pão pela primeira vez quando tinha sete anos. Isso me contaram.
Foi sim.
Como era essa criança?
Uma criança que foi criada por uma mãe que nasceu e morreu sem saber escrever a letra O.
Mas que suponho saber muitas outras coisas.
Como criar oito filhos ensinando-nos a ser perseverantes e a não se queixarem muito, mas sim que poderíamos conseguir cada vez mais. Quando as pessoas estão determinadas a fazer algo, elas fazem. O problema é que é mais fácil se acomodar. Na liturgia de um cargo, por exemplo, você se acomoda. Você se mata para ganhar uma eleição e entra em cerimonial que nem te ouve, cercado por uma equipe de segurança que informa quando, onde e que horas deve ir aos lugares. Pessoas nem sequer votaram em você… Cada gesto é determinado pela lógica da liturgia. Se você entrar nessa, não fará prometeu em campanha.
Como, por exemplo, colocar smoking no Palácio Real de Madrid?
Estava indo para uma recepção diante do Rei e me disseram que tinha de ir vestido assim, mas eu disse que me apresentaria com minha roupa normal porque eu não usava isso. Da mesma maneira, não se pode pedir a um líder africano que vista gravata ou ao rei Juan Carlos que colocou um turbante. Ele gostou, sempre me tratou muito bem. (…) Parece que tudo está escrito. Sei que às vezes essas regras são necessárias, mas não tanto. Marca uma estrutura de poder que sobrevive graças a isso.
Jamais se acostumou?
Não, e havia muitas pessoas que se aborrecia comigo porque eu não cumpria muitas coisas, mas eu me portava bem. Não saía para jantar, não passeava em museus para que a imprensa não dissesse que eu estava fazendo turismo… Valeu a pena.
O homem, um museu nunca é demais.
Sim, mas a imprensa diria de tudo.
Salvo o protocolo, existe algo do cargo que sinta falta?
Sou um homem de muitos relacionamentos. Gosto de política e eu gosto de pessoas. Manter boas relações com os governantes, tento estabelecer intimidade para quebrar essa distância, sempre fui de dar abraços, tenho saudades das amizades que fiz naqueles dias. Eu continuo viajando muito, falando mais… Mas pouco mais.
O que acontece? Há presidentes que não param de interferir em tudo.
Teria de perguntar a Dilma. Eu tomei a decisão de me afastar, viajei muito, depois veio a doença. Agora estou de volta, evito dar entrevistas, mas me sinto bem. Me orgulho de tudo que fiz na vida. Cumpri algo sonhava fazer. Muitas pessoas duvidaram que eu seria capaz de governar sem um diploma universitário, mas respondia que eu queria fazer para provar que ele era capaz de realizar muito mais do que eles.
Para a vida, estava preparado, e, portanto, para a política real, muito mais.
Sim, mas havia muitos preconceitos porque eu não falava Inglês ou Espanhol e, no entanto, o Brasil nunca teve uma política externa como na nossa época.
E sem bomba atômica. Embora você quisesse fortalecer seu país militarmente. Por quê?
Não, nem tanto, o que acontece é que o Brasil deve ter forças armadas dignas de sua grandeza. Devemos proteger nossos campos de petróleo, nossa floresta, nosso fronteira oceânica e terrestre. Se formou um conselho de defesa para promover uma unidade militar como existe na política. Mas sem armas nucleares. A nossa Constituição proíbe a proliferação de armas nucleares. Não foi o Lula, é a Constituição. Somos pacifistas. Nós gostamos de política, samba, carnaval, mas não de bomba atômica.

sábado, 19 de outubro de 2013

Ferramenta do Google permite acessar 177 Constituições

Constituição mais antiga disponível é a dos EUA, de 1789
É muito interessante o projeto Constitute anunciado pelo Google e já em funcionamento.
O projeto permite o acesso a 177 constituições de diversos países e é possível fazer comparações entre elas cruzando dados por países, por continentes, tópicos e datas.
Os tópicos estão divididos em 11 categorias, cada uma com seus respectivos submenus.
O sistema de busca é simples e ainda permite fixar um trecho desejado e guardá-lo em um histórico de pesquisas.
É possível  fazer o download das constituições em formato PDF ou acessá-las no próprio site.
A constituição mais antiga disponível é a norte-americana de 1789. No caso do Brasil, só é possível encontrar a constituição atual, de 1988.
Os organizadores, entretanto, garantem que o projeto, com o tempo, vai contemplar todas  as constituições já escritas na história do mundo. A ver.
O fator limitante é que, até o momento, todo o conteúdo está apenas em inglês.
O projeto é uma parceria do Google com Universidade do Texas.
De acordo com pesquisas realizadas pela organização, aproximadamente 5 novas constituições são escritas por ano e mais de vinte são revisadas.
Dai a ideia de auxiliar os constituintes e pessoas interessadas por meio dessa ferramenta.
De qualquer forma, trata-se de um recurso útil para qualquer pessoa, além de fortalecer ainda mais a presença do Google no mercado de mecanismos de busca.
O Constitute Project é financiado pelo Google Ideas e pelas fundações Indigo Trust e Icaoquadrado.
Acesse o Constitute Project.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Número de empreendedoras cresceu 21,4% nos últimos dez anos

De acordo com o Sebrae, mulheres comandam três de cada dez pequenos negócios
Nos últimos dez anos, o número de empreendedoras brasileiras cresceu 21,4%.  De cada dez pequenas empresas em atividade no Brasil, três são comandadas pelas mulheres.
O levantamento foi realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Elas são maduras – 52% têm de 40 a 64 anos, contra 41% entre 18 e 39 anos –  chefes de família (40%) e com pelo menos um filho (70%).
A venda de roupas, acessórios e calçados representa 42% do total de negócios liderados por mulheres.
A proporção de empresárias com, no mínimo, Ensino Médio completo, é quase o dobro do percentual de homens com a mesma escolaridade;
De acordo com a pesquisa, o crescimento da participação feminina no setor se deve à possibilidade de manter horários mais flexíveis. Isso permite conciliam as atividades pessoais (cuidados da casa e dos filhos) e profissionais.

Acesse o Anuário da Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas 2013.

Homicídios reduzem expectativa de vida dos negros

Um passado que não terminou de passar...
Imagem: Debret
No Brasil, jovem negro tem 3,7 vezes mais chances de ser morto no Brasil, afirma o Ipea
Dados atualizados sobre racismo e violência divulgados ontem pelo Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo aponta que mais de 60 mil pessoas são assassinadas todos os anos no Brasil. Dessas, duas em cada três são negras.
Entre pessoas com as mesmas condições de escolaridade e características socioeconômicas, a cor negra aumenta em 8% as chances de uma pessoa se tornar uma vítima.
A expectativa de vida de um homem brasileiro negro é menos que a metade a de um branco.
A possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que um branco.
A taxa de homicídio de negros é de 36,5 para 100 mil habitantes. No caso dos brancos, esse número cai para 15,5.
Os negros também as maiores vítimas de agressões por parte de policiais, formando aquilo que é chamado pelo Ipea de racismo institucional. Isso faz com que os negros recorram à ajuda da polícia em proporção menor que os brancos em caso de agressão. Os dados mostram que 38,2% dos brancos não procuram os policias nesses casos, porcentual que sobe para 61,8% entre os negros.
Essas informações constam de artigo “Segurança Pública e Racismo Institucional”, na 4ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi) e devem ser utilizada na elaboração de um mapa do racismo no País, a ser divulgado mês que vem. Foram obtidas a partir do cruzamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde.
O boletim contém ainda seis outros artigos que tratam de temas como segurança pública, pacificação de favelas e manifestações de junho.
Acesse o site do Ipea.
Acesse a 4ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Os Pombos 60

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2° Seminário Internacional de Gestão e Políticas Públicas

Iniciativa é do Núcleo de Estudos em Gestão e Políticas Públicas (Publicus)
O Núcleo de Estudos e Políticas Públicas (Publicus/UFMG) está convidando para o 2º Seminário Internacional de Gestão e Políticas Públicas, a ser realizado entre 12 a 14 de novembro de 2013.
As inscrições são em número limitado e só serão validadas após a confirmação de pagamento da taxa de inscrição, no valor de 80 reais para pesquisadores e professores.
Estarão presentes pesquisadores nacionais e internacionais, gestores públicos, representantes de organismos internacionais e estudantes.
O foco dos debates serão as questões que formam a assim chamada agenda contemporânea no campo da gestão e das políticas públicas, com temas como federalismo, gestão local e metropolitana.
Vale a pena.
Informações e inscrições no site do evento.

Renda média mundial é superior a 100 mil reais

Na prática, entretanto, os 10% mais ricos detêm 86% da riqueza mundialO mundo nunca foi tão rico. Essa conclusão é da Credit Suisse Research Institute, instituição ligada ao banco de mesmo nome. O instituto foi criado em 2008 para alimentar a clientela do banco com pesquisas sobre tendências sociais, econômicas, científicas, ambientais e demográficas do mercado global.
Seu novo relatório, “Credit Suisse 2013 Wealth Report”, traça um panorama bastante completo sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, e de sua distribuição entre as diversas nações e por pessoas, o chamado PIB per capta.
A boa notícia é que, apesar da crise, a riqueza mundial atingiu, em meados deste ano, US$ 241 trilhões. É um número recorde e representa crescimento de  4,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa montanha de dinheiro, se fosse dividida pela população mundial, daria uma renda média anual por pessoa de US$ 51.600 – pouco mais de 100 mil reais.
É nesse ponto que começam as más notícias. Na prática, a conta é outra. A desigualdade de acesso à renda é uma marca mundial.
Os 10% mais ricos detêm 86% da riqueza mundial. Destes, apenas 0,7% tem posse de 41% do total (US$ 98,7 trilhões de dólares).
Os países mais ricos são, de acordo com o critério do banco, aqueles onde a renda  per capta está acima de 100 mil dólares. Entre eles estão na América do Norte, Europa Ocidental, Oriente Médio e alguns poucos países da Asia.



Em contrapartida, a metade da população mundial concentra menos de 1% da riqueza total.
O grupo dos países mais pobres inclui aqueles onde a renda por pessoa é inferior a cinco mil dólares anuais. É formado por todos os países da Africa Central e do sul da Ásia, incluindo a Índia, dos Brics. Destaque nesse grupo para a vizinha Bolívia.
A  Credit Suisse criou duas faixas de renda intermediárias.
Uma delas, uma espécie de classe média alta, corresponde aos países onde a renda média per capta oscila entre 25 mil e 100 mil dólares. Entre eles estão alguns da União Europeia (como Portugal), um bom número de nações do Oriente Médio (Bahrein, Omã, Líbano e Arábia Saudita) e vários da América Latina (Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Uruguai).
Na outra, a “classe média baixa”, a renda per capta fica entre cinco mil e 25 mil dólares. É nesse grupo que se encontra o  Brasil, ao lado da China, Rússia, Egito, Irã e a maior parte da da América Latina (Argentina, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela).
O mais interessante é a projeção feita pelos pesquisadores da Credit Suisse quando ao crescimento do número de milionários no mundo nos próximos cinco anos.
O Brasil aparece no alto da lista. Enquanto por aqui esse crescimento devera ser de  84% ainda este ano, nos EUA o aumento deverá ficar em 41%. Para não haver dúvidas: o conceito de milionário, no caso dessa pesquisa, deve ser entendido em dólares.

Com informações de Opera Mundi.
Acesse o site da Credit Suisse Research Institute.
Acesse o relatório completo, em inglês, Credit Suisse 2013 Wealth Report.