Aliado de Dilma, Eduardo Campos flerta com o inimigo
O partido comandado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi a grande vedete destas eleições, com merecido destaque nos noticiários.
Ao lado do PT, foi a única sigla entre os partidos grandes e médios que ganhou em número de prefeitos e de votos totais recebidos no país. Saltou de 308 para 440 prefeituras, além de alcançar cerca de 2,9 milhões de votos a mais, na comparação com os resultados de 2008.
A participação do PSB no grupo dos 85 municípios com mais de 200 mil eleitores pulou de cinco para 11 administrações, contra 16 do PT e 15 do PSDB. O PMDB ficou em quarto lugar no ranking, com 10 administrações locais.
Finalmente, o PSB venceu em cinco das 26 capitais: Recife e Belo Horizonte no primeiro turno e Fortaleza, Cuiabá e Porto Velho no segundo, contra quatro capitais do PT, quatro do PSDB e apenas duas do PMDB.
São números importantes.
A explicação para esse sucesso está na prioridade dada pelo PSB ao seu próprio crescimento e consolidação, como o PT e outros partidos já fizeram no passado. Não há dúvidas que o PSB se propõe a ser uma “terceira via” no confronto entre tucanos e petistas que polariza o cenário político nacional e influência as políticas de alianças locais e regionais nas últimas duas décadas.
O PSB apoiou e recebeu apoios tanto do PT – como é o caso de São Paulo, onde ganhamos juntos, e Contagem onde perdemos juntos – como do PSDB, a exemplo de Manaus, Belém e João Pessoa, onde marchamos separados.
Mas também é o caso do Recife, onde o PDS venceu no primeiro turno em disputa direta com o PSDB e com o PT.
Por circunstâncias eleitorais, essa autoconstrução colocou o PSB contra o PT em um importante número de casos nesta eleições, sobretudo devido ao empenho do tucano. Aécio chegou a declarar ter feito mais campanha para o 40 (número do PSB) do que para o o PSDB. São exemplos as duras disputas em Fortaleza, onde os tucanos perderam a eleição no primeiro turno e foram apoiar Roberto Cláudio; em Cuiabá onde apoiaram Mauro Mendes depois de perderem o primeiro turno e ainda em Porto Velho.
Em tal quadro, difícil saber qual é força real de Eduardo Campos isoladamente. Mas não há dúvidas de que é inferior ao que dizem os números do PSB.
Por conclusão, Eduardo Campos dificilmente será candidato à presidência da República em 2014. É também pouco provável que venha a apoiar os tucanos contra Dilma. O cenário mais realista é que continue na base de sustentação do Governo Federal, mas “dormindo com o inimigo” nas esferas regionais e municipais até, pelo menos, 2018.