A ministra Carmem Lúcia, do TSE, alarmou-se com o percentual de abstenções nas eleições deste ano |
A alta taxa de abstenções na eleição deste ano deixou a ministra Carmem Lúcia preocupada e municiou muitos analistas dispostos a condenar o “sistema político” e políticos que não cumprem promessas, que não olham pelos cidadãos e que levam os eleitores à apatia e desmotivação.
Que tais políticos existem, isso existem. Além disso, com efeito, no segundo turno deste ano, 19% dos brasileiros cadastrados preferiram não comparecer às urnas. Foi o maior índice no segundo turno das eleições municipais desde 1996, segundo o TSE. No primeiro turno o percentual foi de 16,41%.
O fato, entretanto, é que os Tribunais Regionais Eleitorais precisam, urgentemente, atualizar seu cadastros. Por falta de atualização, eles acumulam nomes de pessoas que já morreram ou trocaram de endereço sem notificar a Justiça Eleitoral. Com isso, a taxa de abstenções, apesar de alta, tem pouco significado politico.
Em matéria no seu blog, Zé Dirceu informa que nas cidades em que o cadastro foi atualizado recentemente o índice de abstenção foi, na média, 50% inferior ao índice nacional, segundo informações do próprio TSE.
Em São Luís e São Paulo, por exemplo, os cadastros não são atualizados desde 1986. Em São Luís (MA), o índice bateu em 22% e chegou a quase 20% em São Paulo.
Em Curitiba, por outro lado, o cadastro foi renovado este ano. A Justiça Eleitoral do Paraná eliminou 200.000 eleitores fantasmas, dentro de um universo de 1,3 milhão de cadastrados. A taxa de abstenção ficou em 10%.
Até 2015 deve ser concluído o recadastramento biométrico dos eleitores do país, conforme meta da Corregedoria-Geral Eleitoral. Só a partir de então poderá ser dito algo de consistente sobre o suposto desinteresse dos eleitores.
Gráfico: Congresso em Foco |