quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Papa Francisco é eleito "pessoa do ano" pela maior revista LGBT dos EUA

O novo papa não é como o antigo e está mostrando isso aos católicos
A The Advocate, considerada a mais importante publicação LGBT norte-americana, elegeu o Papa Francisco como a pessoa mais influente do mundo em 2013.
Há poucos dias a revista Time havia feito o mesmo.
A revista faz questão de enumerar muitos vacilos e posicionamentos conservadores que o Papa assumiu no começo. Lembra, por exemplo, que Francisco começou seu mandato emitindo uma encíclica conjunta com Bento XVI em julho (a Lumen fidei) reafirmando que o casamento deve ser uma “união estável do homem e da mulher”.
Como arcebispo da Argentina, o cardeal Jorge Bergoglio foi contrário à aprovação da igualdade de direitos ao casamento dizendo que a união de pessoas do mesmo sexo seria “ataque destrutivo contra o plano de Deus”.
A The Advocate, entretanto, afirma que houve uma evolução nas ideias e no comportamento do Papa em torno das questões morais.
O Papa não usou os momentos no centro das atenções mundiais para condenar as pessoas LGBT.
Ao contrário, abriu-se para o diálogo, a compaixão e a defesa de uma convivência pacífica. A revista estampa na capa de sua última edição a resposta de Francisco quando perguntado sobre os gays: “Se alguém é gay e busca o Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgar?”.
A visão de Francisco sobre a forma como a Igreja Católica deve abordar as pessoas LGBT foi mais bem explicada em suas próprias palavras durante uma entrevista em profundidade para a revista América em setembro.
Ele lembrou: “Uma vez, uma pessoa, de modo provocativo, perguntou-me se eu aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com outra pergunta: 'Diga-me: Deus, quando você olha para uma pessoa homossexual, você aprova a sua existência com afeto ou a rejeita, condenando-a?' É necessário sempre considerar a pessoa".
Os editores da The Advocate afirmam que Francisco ainda não é pró-gay segundo o padrão de hoje.
Mas consideram gritante a diferença do Papa Francisco com relação à retórica dos seus dois antecessores. A revista pondera que ainda ainda há muito desacordo sobre o papel das mulheres, sobre a contracepção, e outros temas. Mas o que Francisco diz sobre as pessoas LGBT, concluem, já causou reflexão e consternação dentro da Igreja.
Veja a tradução da íntegra da matéria no site do Instituto Humanitas Unisinos.
Acesse a página da revista The Advocate, em inglês.