sábado, 29 de junho de 2013

Proposta de plebiscito tem apoio de 68%

Atitude de Dilma frente aos protestos é aprovada pela população
Dilma segue favorita para 2014
Em plena onda de protestos pelo país, o Instituto Datafolha divulga mais uma pesquisa sobre a popularidade de Dilma.
É a segunda pesquisa em 20 dias.
De acordo com o Datafolha, a avaliação positiva do governo da petista caiu 27 pontos e atingiu seu menor patamar desde o início do mandato.
A queda foi amplamente repercutida pelo conjunto da mídia, a começar pelo jornalão Folha de São Paulo e pela Rede Globo.
Não deve haver qualquer dúvida. A luta política no Brasil está atingindo graus de radicalização que seriam impensáveis há poucos anos. E deve piorar já que a pesquisa é muito favorável a Dilma.
O que mostra a pesquisa do Datafolha?

  • Dilma continua favorita na corrida presidencial do ano que vem, ainda que, neste momento, um segundo turno seja questão líquida e certa;
  • A aprovação de Dilma, mesmo com o desabamento registrado, ainda é maior que a de Lula (28%) e de FHC (13%) em seus piores momentos;
  • A pesquisa indica uma forte migração das taxas de ótimo e bom para regular (e não para ruim). A parcela de brasileiros que desaprovam o governo Dilma agora é 25%, enquanto 30% aprova e 43% escolhem regular;
  • A nota geral de Dilma continua boa: 5,8.

Atitude de Dilma frente aos protestos é aprovada pela população
O Datafolha perguntou sobre o desempenho de Dilma frente aos protestos. Para 32%, sua postura foi ótima ou boa; 38% julgaram como regular; outros 26% avaliaram como ruim ou péssima.
Entre os entrevistados, 68% acham que Dilma agiu bem ao propor uma consulta popular sobre a criação de um grupo de representantes eleitos pelo povo para propor mudanças na Constituição. Só 19% entendem que ela agiu mal. Outros 14% não souberam responder.
Quanto à reforma política proposta pela presidenta, 73% afirmaram que são a favor (opiniões contrárias somam 15%), enquanto 68% apoiam o plebiscito também proposto por Dilma.
Situação econômica é avaliada com preocupação
De acordo com os analistas do Datafolha, a deterioração das expectativas em relação a economia são um dos fares mais importantes explicar a queda da aprovação da presidenta. A avaliação positiva da gestão econômica caiu de 49% para 27%. A expectativa de que a inflação vai aumentar continua em alta. Foi de 51% para 54%. Para 44% o desemprego vai crescer, ante 36% na pesquisa anterior. E para 38%, o poder de compra do salário vai cair – antes eram 27%.
O que concluir?
Na atual situação, seria impossível que a popularidade de Dilma não caísse. Devido ao papel central exercido pelo presidencialismo no Brasil, é na direção dela que todas as baterias estão voltadas.
Dilma tentou sair do córner com as propostas de pacto e de plebiscito e se saiu muito bem, como mostra a aprovação dessas idéias pela população.
O que pesquisas desse tipo fazem é tentar empurra-la de volta.
E usam para isso, como sempre, a questão econômica enquanto, ao mesmo tempo, medem apenas e tão somente o desgaste dela. Não apuram (pelo menos não informaram se foi apurado) o atual prestígio dos governadores, parlamentares e outras instituições. O mais provável é que tenha ocorrido uma queda generalizada.
No que se refere à economia, no período entre uma pequisa e outra, não ocorreu nenhuma piora nas condições objetivas de vida da população. A baixa expectativa da população é um reflexo esperado das dificuldades que economia tem enfrentado e que o povo sente no bolso. O otimismo tem caído gradualmente, e não houve nenhum salto abrupto nas avaliações.
Por outro lado, Dilma fica bem na foto quando o assunto é política. É neste front que ela deve continuar atacando.

Acesse a pesquisa no site do UOL.

Pelo que o país protesta

Plataforma on-line monitora quais temas e reivindicações têm maior destaque nas redes
Mais uma iniciativa para monitorar a movimentação política nas redes sociais. As empresas W3haus Huia e Seekr, todas especializadas em gestão e monitoramento de marcas em mídias sociais, se juntaram para criar a plataforma Causa Brasil, que rastreia milhares de menções espontâneas feitas com as disseminadas hashtags no Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Google+.
O site é atualizado a cada hora. O resultado é um termômetro dos temas mais quentes que categoriza, agrupa e interpreta a voz dos manifestos. Já são pelo menos 100 termos catalogados e mais de 1 milhão de menções analisadas para formar o banco de dados.
Os internautas também podem sugerir novas hashtags para monitoramento.

Acesse o site Causa Brasil.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A disputa pelo significado do governo Dilma no Twitter

A figura acima retrata uma
rede com 48.481 componentes fortemente
conectados, todos falando de Dilma
Rede Dilma tem três grandes grupos. A mídia tradicional não se comunica, diz estudo
Muito bom o exercício de Fabio Malini, um doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de mestre  em Ciência da Informação. Seria importante que outros especialistas nos presenteassem com estudos desse tipo.
Em estudo chamado "Dilma nas redes sociais: o fim da bipolaridade política e o desejo de radicalizar mudanças", Malini sondou a quantas anda a luta política nas redes sociais. Para isso escolheu o Twitter e investigou o tamanho, bem como a qualidade da “rede” Dilma (formada pelas menções ao nome da presidenta).
Concluiu entre outras coisas que, até a data da pesquisa, essa rede possui uma densidade enorme e que não para de crescer, ou seja, aumentam o número de conexões, e da disputa pelo que Dilma significa.
Conclusões de Maline:
Há um grupo, marcado em azul claro nas imagens, formando por aqueles que são de oposição a Dilma há anos. Trata-se de uma rede compacta (ficam juntos), porque se retuitam. Destaques para esse grupo são @robertofreire, @faxinanopoder, @joapaulom, @blogdonoblat, mirandasa_, blogolhonamira, @lidpsdbsenado, @rede45.
Um segundo grupo, em vermelho, é formando pelos que seguram o rojão da presidenta na rede. Trata-se de rede política consolidada, segundo o pesquisador e nela se destacam @zedeabreu, @stanleyburburin, @ptnacional, @blogdilmabr, @emirsader, @rogeriocorrea.
Um terceiro grupo (em verde), forma a grande novidade do momento. Inclui pessoas e temas mais próximos das demandas expressas pelas ruas, especialmente aqueles que os outros dois “não gostam muito de discutir”:  a relação entre gastos públicos e Copa, a questão indígena, a crítica do que é esquerda e direita (são inúmeros temas). Tem perfil mais independente e aumentado sua relevância na conversação pela rede. Seus destaque são  @iavelar, @helenapalm, @teclologoexisto, @semfimlucrativo, @matheusrg, @personalescrito, @tsavkko, @cadulorena.
No caso da grande mídia, os jornalões formam pontos de forte difusão, mas num grupo à parte que não participa de forma ativa na conversação/manifestação.
É o caso do @estadao, muito retuitado por seus seguidores e usuários diversos, mas que forma rede pequena em torno do jornal.
Essa é uma característica tipica da mídia da comunicação unidirecional estabelecida pelos informativos tradicionais. Eles apenas mandam mensagem e não retuitam seus seguidores.
O mesmo ocorre com certas celebridades, como Marcelo Tas e Rafinha Bastos, que são perfis muito retuitados, mas que também não retuitam.
Retuitar é estabelecer relações e quem não cria relações não tem tem perspectiva, afirma o pesquisador.
Finalmente, para  Malini, a riqueza da rede Dilma está em apontar para o fim de uma polaridade entre dilmistas e não dilmistas, e na intensidade dos subgrupos que resolveram debater a política e seus significados, muito além da factualidade das notícias.
De modo interessante, a pesquisa mostra como essa disputa consegue inclusive influenciar conhecidos comentaristas. São os casos de Noblat e Mônica Bergamo.
Noblat é muito retuitado, principalmente pela rede em azul. Por isso acaba sendo atraído  por ela e assumindo, de forma necessára, a perspectiva de seus leitores.
Já a jornalista Mônica Bergamo, é atraída pela rede em vermelho e tende, por isso, a assumir o lado dos dilmistas.
Rede da Perspectiva Anti-Dilma no Twitter
Grupo de Defesa da Perspectiva Dilmista na Rede
Em verde, os novos atores da opinião pública
O Estadão: mancha à esquerda é formada
por seguidores. À direita, perfis diversos.
O jornal não conversa com a rede.
Veja o artigo Dilma nas redes sociais: o fim da bipolaridade política e o desejo de radicalizar mudanças no site do Labic - Laboratório de estudos sobre Imagem e Cibercultura.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Congresso acelera votações que atendem desejo das ruas e mercado chia

Demanda das ruas já tem custo de R$ 115 bi por ano, diz o Valor
Em menos de 24 horas, o Congresso Nacional tomou seis decisões diretamente relacionados com as demandas apresentadas pelas manifestações que tomaram as ruas e avenidas do país nos últimos dias. Uma surpreendente capacidade de trabalho, sem dúvida.
a rejeição d
* A PEC 37 foi arquivada por acachapantes 430 votos contra e apenas 9 a favor. Note-se que antes dos protestos, a tendência era a de aprovação da emenda.
* No Senado foi aprovada uma lei que considera a corrupção um crime hediondo. O projeto agora segue para a Câmara. Notar que a Câmara rejeitou em duas oportunidades um projeto similar. Dessa vez passa.
* A Comissão de Constituição e Justiça, também do Senado, aprovou um projeto para acabar com as votações secretas em processos de cassação de mandatos parlamentares. O projeto ainda deve ser aprovado pelo Plenário.
* Na Câmara dos Deputados, foi aprovado o projeto que destina 75% dos royalties do petróleo à educação e 25% para os gastos com a saúde. A intenção original, proposta pelo DEM, era deixar a repartição a critério das prefeituras e governos estaduais. A proposta aprovada é uma solução de acordo entre os líderes. A vontade de Dilma é que 100% dos royalties vá para a educação. A proposta segue agora para o Senado.
* Também na Câmara, foi aprovado projeto que desonera o transporte público rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário, zerando as alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins, importante para o barateamento das passagens. O projeto ainda deve ser apreciado pelo Senado.
* O presidente da Câmara, Henrique Alves, determinou à tarde, a abertura do processo de cassação do mandato do deputado Natan Donadon (PMDB-RO), condenado ontem pela manhã no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de peculato e formação de quadrilha. A novidade, no caso, foi a rapidez com que a decisão foi tomada.
* O presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu ainda acelerar a tramitação de vários projetos parados na Casa e que, segundo ele, estão em sintonia com as aspirações dos manifestantes. Entre eles estão a criação do passe livre estudantil e a aprovação do Plano Nacional de Educação, que prevê 10% do PIB para o setor.
O destaque do jornal Valor Econômico, em sua edição de hoje, foi para o que isso significará em termos de custos: cerca de R$ 115 bi por ano. Elementar. A pressão do mercado financeiro é para que o governo corte gastos, eleve os juros e realize um ajuste fiscal forte e em termos ortodoxos. Por outro lado, a demanda das ruas cobra melhorias em serviços públicos, como saúde, educação e transportes – coisas que nada têm a ver com o ganho do rentismo.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que concluir até agora?

Os jovens só querem garantir
que vão manter e melhorar
o que já possuem
Só não está confuso
quem está desinformado...
 
Marília Campos 
  • O que começou como um mero movimento de natureza econômica (redução das tarifas no transporte público), evoluiu rapidamente para o plano do protesto politico, sustentando uma ampla plataforma por mudanças e produzindo as maiores manifestações de massas do Brasil desde o “Fora Collor”.
  • A passagem de uma fase para a outra foi provocada, na origem, pela desmedida hostilidade aos manifestantes de São Paulo, tanto pela PM paulista, a mando do governador do estado, quanto pela grande mídia.
  • Os partidos de esquerda (inclusive o PT), também num primeiro momento, não souberam acolher o movimento. O próprio prefeito Fernando Haddad chegou a rechaçar qualquer possibilidade de redução das tarifas, e a justificar a ação policial a pretexto de manter as vias públicas desimpedidas.
  • A revolta, a indignação e a solidariedade foram os sentimentos mobilizados pela repressão e pela hostilidade. O ataque aos jovens sensibilizou a população e a Copa das Confederações ofereceu um palco privilegiado para as ações de protesto. O movimento deixou de ser apenas por 20 centavos, e passou a ser por direitos.
  • As mobilizações multiplicaram-se e forçaram o recuo geral da mídia, dos governantes e dos parlamentares. O primeiro recuo foi o cancelamento dos aumentos de tarifas e até o anúncio de reduções nos preços.
  • A mudança de tática da mídia e das forças conservadoras foi marcada pela “autocrítica” de Arnaldo Jabor na TV Globo. O esforço, desde então, tem sido o de valorizar as manifestações e a legitimidade do movimento, desde que mantido nos limites da ordem. Essa mudança tem dois objetivos: fazer um permanente alerta às elites e ao senso comum quanto ao perigo representado pela mobilização popular e disputar a direção do movimento.

  • Interessa ao conservadorismo jogar o movimento contra o Governo Federal, vale dizer, contra Dilma, até agora favorita para a eleição do ano que vem. Exemplo disso são as pesquisas do Datafolha mostrando uma suposta queda do prestígio e da intenção de voto em Dilma entre os manifestantes.
  • Por isso, fortalecem o movimento especialmente no que se refere à luta genérica contra a corrupção e que se traduz na objeção à PEC37. Essa tentativa tem conexão com a desconfiança que os jovens sentem em relação aos políticos, medida por inúmeras pesquisas.
  • O arquivamento ontem da PEC37, por 430 votos a 9 e duas abstenções é, assim, outra vitória do movimento.
  • Com amplo apoio da população, vitorioso e alimentado pela esquerda e pela direita, o movimento atingiu um ponto máximo de ecletismo e heterogeneidade. Tornou-se o escoadouro de todas as insatisfações. Marcham juntas todas as bandeiras, das mais diferentes cores, de ultra esquerdistas a skinheads, além de vândalos e provocadores. Cartazes com “Fora Dilma” estão ao lado de cartazes que pedem por reforma política, mais moradia, mais saúde e outras demandas. As passeatas convivem com as depredações e há violência de ambas as partes: manifestantes e tropa.

  • O ecletismo e a heterogeneidade tendem a ser uma marca dos assim chamados “novíssimos movimentos sociais”, tais como o Occupy e Indignados. A literatura não tem uma posição assentada quanto a esses fenômenos sociais. Aceita-se, entretanto, que são movimentos ou manifestações articulados por meio das redes virtuais de relacionamento (tais como o Facebook), auto convocados, sem a figura da liderança clássica, sem as formas clássicas de organização (tais como os partidos ou sindicatos), baseados em adesões momentâneas e com forte apelo por autonomia.
  • É necessário lembrar que em 2012, 40% dos domicílios brasileiros já tinham acesso à internet. Não se pode subestimar essa ferramenta.
  • Uma nova possibilidade organizativa surgiu na última semana, por iniciativa do Movimento Passe Livre - MPL. São as Assembleias Populares. Tais Assembleias já estão acontecendo em São Paulo,  Fortaleza, Brasília e Belo Horizonte e devem se espalhar como forma horizontal de organização. Eles permitem que os interessados se encontrem presencialmente, conversem e busquem consolidar linhas comuns de ação.
  • Se vingarem, as Assembleias Populares podem favorecer, em futuro muito próximo, um novo tipo de ator social e, provavelmente, protagonizarem novas e mais vigorosas manifestações. São, neste sentindo, um salto qualitativo na organização do movimento.
  • Basicamente, o desenlace desse processo ainda depende do comportamento da esquerda e de sua capacidade de se conectar com o movimento.
  • Todas as pesquisas realizadas até agora indicam que a base social do movimento, formada por jovens com menos de 25 anos, é democrática, progressista e sente a necessidade de melhorar as condições sob as quais vivem. Defendem portanto, as conquistas alcançadas nos últimos dez anos como um dado inicial, um ponto de partida. Ao contrário das gerações mais velhas, não temem um retrocesso pois nem sabem o que isto significaria. Temem é que suas melhores expectativas não se realizem – por culpa dos políticos. Percebem, com carradas de razão, que o Brasil é um país ainda muito injusto, e que existe uma poderosa e viciada articulação entre o interesse econômico e os entes políticos. Isso explica o relevo que a bandeira moralista, ainda que republicana, do combate à corrupção alcançou.

  • A reação da esquerda começou, efetivamente, com o tardio e pouco elaborado primeiro pronunciamento da presidenta na última sexta-feira (21). De toda forma, Dilma estendeu a mão ao movimento e concordou com a necessidade de acelerar as mudanças que o país requer. Disse o que era fundamental. A esquerda, cuja base é basicamente “tradicional”, perdeu o medo de ser hostilizada.
  • Na segunda em Porto Alegre, pela primeira vez desde o início das manifestações, organizações sindicais lideram os protestos contra o preço das passagens de ônibus, contra a corrupção e pelo aumento dos investimentos em saúde e educação, conforme notícia publicada pelo jornal Valor. Em Belo Horizonte, segundo o mesmo jornal, os movimentos “clássicos” (partidos, centrais sindicais, União Estadual dos Estudantes, MST e outros), devem entrar fortes na manifestação prevista para o histórico jogo entre Brasil e Uruguai, no Mineirão hoje.
  • São sinalizações positivas e que devem se repetir no restante do país. Especialmente após o pronunciamento que Dilma fez ontem na reunião com governadores e prefeitos.

  • Dilma ousou, deu a linha para a esquerda e mandou um sinal para o mercado. O Pacto de cinco pontos proposto é, em si mesmo, uma chicotada no ar. Não tem efeito prático. Não há pacto possível com o conservadorismo das elites nacionais.
  • O que importa é que Dilma fez política, agiu como animal político e saiu do córner. Dilma repartiu o peso da pressão das ruas com o Congresso, os governadores e os prefeitos. É justo. Basta de apanhar sozinha.
  • O primeiro pacto proposto, relativo à responsabilidade fiscal, é um recado para o mundo dos negócios. Fala do compromisso do governo com o combate à inflação e com a Lei de Responsabilidade Fiscal, em um momento que a Bovespa está altamente sensível e em baixa. Lula fez algo parecido com a famosa “Carta aos Brasileiros”, em junho de 2002. Foi um esforço para apaziguar os empresários, ciosos de seus negócios e enlouquecidos com a possibilidade de um governo de esquerda.
  • Os pactos pela saúde, pelo transporte público e pela educação implicam apenas em realizar o que já está previsto. Basta vontade.
  • Já o pacto pela reforma política causou furor. Especialmente porque veio acompanhado das sugestões de uma Constituinte especificamente convocada com esse propósito, plebiscito e endurecimento das penas para o crime de corrupção. A reforma política é a chave do segredo para as duas demandas mais fortes dos manifestantes: a corrupção e a crise de representação.
  • A reação da direita foi imediata. Aécio atacou Dilma, disse que uma Constituinte para reforma política é “perigosa e desnecessária”. FHC atacou Dilma e disse que a proposta é “autoritária” – justo ele, que defendeu o mesmo em 1998. Ministros do Supremo Tribunal Federal entraram em debates sobre a constitucionalidade da proposta e sobre os incertos procedimentos legais para viabilizá-la – como se a questão fosse jurídica. Não é, assim como não é econômica.

  • O ministro aposentado do STF Francisco Rezek, ex-juiz da Corte Internacional de Justiça de Haia, colocou os pingos nos is. Segundo ele, a nomenclatura (Constituinte ou não) é o menos importante diante do atual quadro do país. Dilma, diz ele, parte da premissa correta. Os atuais membros do Congresso Nacional não são os melhores quadros para empreender uma reforma política no país. Por incrível que pareça, essa opinião é compartilhada por Fernando Rodrigues, colunista da Folha. “(...) se for para os atuais deputados e senadores (ou os eleitos em 2014) refazerem tudo e depois continuarem legislando, o sistema político pode resultar em algo pior do que já é”, reconhece o jornalista. Ambos têm toda razão.
  • A proposta apresentada por Dilma de endurecimento das penas para o crime de corrupção, a ser considerado crime hediondo em caso de dolo, já foi derrubada pela Câmara em pelo menos duas oportunidades. Numa delas, por iniciativa de um deputado petista. O então deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), pediu e conseguiu a derrubada de um projeto de lei que acrescentava aos delitos contra a administração pública os crimes de peculato, corrupção passiva, concussão e prevaricação. Detalhe: o projeto era de autoria de um tucano: o deputado Wilson Santos (PSDB-MT).
  • Ao todo, na Câmara, tramitam sete propostas que incluem a corrupção na lista dos crimes equivalentes aos hediondos, considerados pelo Estado como aqueles que merecem maior repúdio da sociedade, conforme informação do Congresso em Foco.
  • O Congresso Nacional também arquivou duas PECs sobre Constituinte Exclusiva para a reforma política. Isso aconteceu em 2007 e em 2010. Uma era de autoria de Flávio Dino (PcdoB-MA) e a outra de Marco Maia (PT-RS).

  • Se depender do atual Congresso Nacional, o mais provável é que a reforma política nunca aconteça. Os detentores de mandato não são kamikazes. Não vão mudar as regras que os favorecem. O poder econômico, por outro lado, não deseja rever um sistema que lhe propicia enorme influência sobre as decisões políticas.
  • Por isso a proposta de Dilma é excelente, mas de alto potencial de conflito. Contra o golpismo “institucional”,  a presidenta acalenta a ideia de uma nova “classe política”,  a ser eleita, e que chamará para si as tarefas de reformar o sistema político e desobstruir o processo mudancista.
  • Se levada adiante, essa ideia vai enfrentar enormes dificuldades. A tendência é que todas as instituições contestadas pelos manifestantes (entre elas a imprensa) se juntem numa resistência reacionária.
  • A sorte está lançada, diria César.
  • Dilma, Lula e o PT terão a capacidade de transmitir essa mensagem às demais organizações de esquerda e à população?

  • Se conseguirem, por tudo o que eu disse antes, será a consolidação em caráter irreversível do ciclo inovador que o país vem vivendo nos últimos dez anos. Em caso contrário, será um Deus nos acuda. O certo é que neste momento de incertezas e acirramento da luta política, as vacinas mais eficazes contra o retrocesso não são a conciliação nem a moderação.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ibope confirma desconfiança dos jovens nos partidos, políticos e governos

Politizados e de bem com o país,
eles buscam mais mudanças
Maioria apoia as manifestações e acha que protestar é a melhor forma de pressionar por mudanças
Não li a revista Época desta semana, nem assisti ao Fantástico no último domingo. Por isso, comi mosca em relação ao Ibope. Me redimo com este post.
O Ibope realizou pelo menos três pesquisas. Uma encomendada pela revista Época (com apoio da Confederação Nacional dos Transportes – CNT), uma segunda encomendada aparentemente pela TV Globo e uma focada apenas nos internautas.
Quanto à metodologia, são pesquisas bastante distintas daquelas que divulguei no post anterior e realizadas pelos institutos Datafolha, Data Popular e Innovare. A começar pela abrangência.
Na pesquisa encomenda por Época, o Ibope entrevistou 1.008 pessoas nas 32 capitais e outros 68 municípios em todo o país – a maioria com mais de 100 mil habitantes. Mas também foram ouvidas pessoas de cidades pequenas (com até 10 mil moradores), além de serem respeitadas as classificações tradicionais por sexo, faixa de renda, grupos etários e escolaridade. Trata-se, portanto, de pesquisa abrangente que capta a opinião de brasileiros e brasileiras sobre os protestos. Inclusive de quem não tem participado das manifestações.
Na pesquisa divulgada pelo Fantástico foram ouvidos 2002 manifestantes de oito capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador e Brasília). A amostragem também respeitou os recortes tradicionais quanto ao gênero, faixa etária, escolaridade e renda. Mas, além disso, aferiu se o entrevistado trabalha e/ou estuda.
Finalmente, o Ibope ouviu 1.775 internautas cadastrados CONECTAí (painel online do IBOPE Inteligência), em todo pais, entre os dias 15 e 17 de junho.
As três pesquisas trazem uma imensa quantidade de informações novas , mas não alteram o diagnóstico geral assentado pelos outros institutos.
A principal conclusão dessas enquetes, assim como das outras, é que os jovens estão muito interessados em política, mas não confiam nas instituições políticas tradicionais e buscam outras formas de participação. No momento, protestar parece ser o único meio possível.
Vamos aos dados.
Uma maioria satisfeita com o Brasil
A maioria está satisfeita com as condições de vida no país, inclusive aqueles que são favoráveis às manifestações. Entre os entrevistados, 71% se declaram satisfeitos, percentual que cai para 69% entre os que são a favor do movimento. A maioria também é otimista em relação ao futuro do país (43%), contra 28% de pessimistas. Entre os que apoiam o movimento, esses percentuais são de 39% e 32% respectivamente (Época).

O que precisa mudar?
Esta satisfação, entretanto, não significa que está tudo bem. Entre os internautas, 83% acreditam que o Brasil passa por uma fase crítica em que mudanças políticas são necessárias. Já na pesquisa contratada pela Época, o Ibope perguntou quais seriam hoje os maiores problemas do Brasil e obteve as seguintes respostas, pela ordem: saúde (78%), segurança pública (55%), educação (52%), drogas (26%), combate à corrupção (17%), miséria (11%), geração de empregos (10%), custo de vida (9%), impostos e taxas (8%), salários (7%) e habitação (4%). Isso explica porque a maioria da população brasileira (75%) apoia a onda de protestos.
Forte interesse por política
No caso da pesquisa divulgada pelo Fantástico, e que envolveu apenas os manifestantes, 61% dos entrevistados têm muito interesse em política, e 28% um interesse médio. No total, 89% dos jovens manifestam interesse por política, contra apenas 11% com pouco ou nenhum interesse.
Desconfiança quanto às formas clássicas de organização política
Na pesquisa do Ibope divulgada pelo Fantástico, 89% dos entrevistados não se sentem representados por partido algum, e 83% não se sentem representado por político algum. Do total de entrevistados, 96% não são filiados a partidos, e 86% não pertencem a qualquer sindicato, organização estudantil ou outra entidade classista.
A desconfiança em relação aos governos atuais
Na pesquisa divulgada por Época, os entrevistados foram convidados a dar notas variáveis de 0 a 10 para a presidenta Dilma, prefeitos, vereadores, deputados e senadores. Essas notas foram divididas em faixas: de zero a seis, de sete a oito e de nove a dez.
Alguns colunistas deram destaque à primeira faixa, onde Dilma aparece na pior colocação. Para 54% dos entrevistados, ela está neste intervalo, do mesmo modo que a maioria dos prefeitos, governadores, vereadores, senadores e deputados estaduais e federais.
Todavia, Dilma tem as melhores avaliações nas notas entre sete e oito, e entre nove e dez.
Ou seja, é preciso ponderar a média das avaliações.
Nesse caso, a presidenta até que se saiu bem, com nota média de 5,8. Em segundo lugar ficaram os governadores, com 5,4 em média. Mas senadores, deputados federais e estaduais, e vereadores amargaram notas médias abaixo de 4.
Tímidas esperanças nas mudanças
Essa desconfiança generalizada pode ser confirmada nas expectativas quanto aos resultados do movimento, embora os números sejam contraditórios. No Fantástico, 94% declararam acreditar que os protestos conseguirão produzir as mudanças pretendidas. Já para a Época, apenas 26% dos entrevistados afirmaram acreditar em muitas mudanças. Esse percentual é maior entre os que apoiam as manifestações: 32%. Para 47%, trarão poucas mudanças, percentual que chega a 51% entre os que apoiam o movimento.
Como fazer? A importância dos protestos
Para 59% os entrevistados em todo o país, incluindo quem não participou dos protestos, as manifestações públicas são a melhor maneira de se cobrar uma melhor atuação dos governos. Outros 37% que acreditam que existem meios “mais adequados” para cobrar melhorias (revista Época).
Indagados sobre o que mais fariam além de participar de manifestações para expressar o “descontentamento da população”, 82%  dos entrevistados afirmaram que não votariam em um candidato corrupto. Em segundo lugar, com 32% das citações, aparecem os boicotes contra preços elevados, e as ações judicias com 11%. A hipótese de golpes ou qualquer mudança drástica do regime político sequer é mencionada (Fantástico).
A conclusão é clara. Enquanto os políticos, eleitos pelo voto, não se fizerem acreditar, não há outra saída senão reclamar, do jeito que for possível.

Vale violência? Do lado de lá não
Em todas as pesquisas, os entrevistados reconhecem que houve violência excessiva durante as manifestações e de parte a parte – tanto da tropa quanto dos manifestantes.
Entretanto, aparentemente, o uso de violência por parte dos manifestantes é mais tolerado. Para 66% dos entrevistados as depredações jamais são justificadas e 28% acreditam que elas são justificáveis, dependendo das circunstâncias (Fantástico). Entre os internautas, o comportamento agressivo diminui a legitimidade da Polícia (59%), mas não a legitimidade dos protestos (58%).
Acesse a pesquisa Ibope/Fantástico.
Acesse a matéria completa da pesquisa Ibope/Época.
Acesse a apresentação da pesquisa Ibope/Época preparada pela CNT.
Acesse o o relatório completo da pesquisa Ibope/Época, no site do Ibope.
Acessa a pesquisa do Ibope com os internautas.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quem são e o que querem os manifestantes que saíram do Facebook para protestar nas ruas

Pesquisas vão revelando jovem politizado, progressista e autoconfiante
Progressistas, democratas e
descrentes com as instituições
tradicionais
Até onde sei, até agora, três institutos realizaram pesquisas buscando apurar o perfil dos jovens que tem comparecido aos protestos que ocorrem por todo o país.
Os institutos são o Datafolha, que vem realizando seguidas enquetes durante as manifestações na capital paulista; o Data Popular que divulgou na sexta-feira (21), uma pesquisa chamada “O novo poder jovem” realizada dias antes do início dos protestos em São Paulo e o mineiro Innovare, que entrevistou manifestantes concentrados na Praça Sete, no dia 22.
Apesar da limitação do universo investigado (apenas jovens das cidades de São Paulo e de Belo Horizonte), acredito que seus resultados jogam alguma luz sobre nossa compreensão dos corações e mentes dessa parcela da sociedade que representa mais de 42 milhões de eleitores brasileiros ou 33% do total.
De forma geral, a meu ver, os números apresentam resultados tranquilizadores.
Os jovens revelam uma leitura muito própria da realidade brasileira. No olhar deles, as instituições tradicionais de representação (e de manutenção da ordem), merecem pouca ou nenhuma confiança. Isso vale especialmente para o sistema partidário – políticos, partidos, Congresso e a própria presidência da República.
Isso não significa que sejam de direita ou golpistas. Suas causas e valores estão localizadas no espectro da centro-esquerda, são progressistas e acreditam no voto.
São muito confiantes em si mesmos e querem assumir a posição de protagonistas na história.
Pertencentes à chamada Geração Y (a geração da Internet) são ultra conectados e sofrem, como quase todo brasileiro, o drama diário que é viver em um grande centro.
Resumo aqui algumas conclusões com base nos números.
Do centro para a esquerda. Direita não.
De acordo com o Instituto Datafolha (pesquisa realizada na última quinta-feira, dia 20), a maioria dos jovens paulistas está majoritariamente ao centro (31%) e à esquerda (22%), o que se traduz, de acordo com o instituto, nas posições que defendem: 88% deles são contrários à adoção da pena de morte, ao porte de armas e aceitam o homossexualismo.  É muito significativo que os extremos liberais sejam amplamente majoritários sobre os extremos conservadores: 32% para os primeiros, contra apenas 2% para os últimos.
Fonte: Instituto Datafolha

Golpismo? Melhor o voto
Ainda o Datafolha, na pesquisa do dia 20, mostra que para 87% dos manifestantes a “democracia é sempre melhor que qualquer outro”. Apenas 5% dos entrevistados acham que “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático”, enquanto para 4% tanto faz e 3% não souberam responder.
Já na pesquisa “O novo poder jovem”, do Data Popular, 65% dos ouvidos disseram acreditar que podem melhorar a política brasileira por meio do voto.
Fonte: Folha de São Paulo
Confiança nas instituições: pouca, muito pouca
O Datafolha, em pesquisa realizada no dia 19 último (quarta-feira) constatou que, pelo menos entre a juventude paulista, as instituições públicas tradicionais amargam uma forte falta de credibilidade.
Para 82% dos entrevistados, o Congresso Nacional goza de pouco em nenhum prestígio. Desse 42% afirmam que o Congresso não tem prestígio algum. Apenas 12% acreditam que o Congresso tenha muito prestigio. Os partidos políticos também tomam bomba, com 79% de descrédito ( para 44%, o Congresso não tem prestigio algum). Os partidos e o Congresso são as instituições com os piores resultados.
No caso do Poder Judiciário, 71% dos jovens paulistas consideram desprestigiado, contra apenas 20% que responderam favoravelmente.  Os sindicatos amargam 75% de descrédito. As Forças Armadas idem, com 67%.
Saem-se bem as redes sociais, com uma credibilidade de 61% – taxa estranhamente igual à da imprensa. Em um distante segundo lugar, entre as instituições mais cotadas, está a Igreja Católica com 35% de “muito prestígio”.
O levantamento do Datafolha guarda semelhanças com a pesquisa do Data Popular que indaga quanto à confiança dos jovens em algumas instituições para garantir seu futuro. Eis os números, de acordo com a BBC Brasil ( o Data Popular não publicou a pesquisa em seu site): 75% deles não confiam nos parlamentares e 59% deles não confiam na Justiça.
Sem preferência partidária, mas sem rejeitar partidos
Em Belo Horizonte, 78% dos manifestantes não se identificam com nenhum partido brasileiro. A maior rejeição vai para o PSDB, com 25,2% de antipatia e o PT com 23,7%, de acordo com a pesquisa do Innovare. Entre os que têm alguma preferência, ainda em Belo Horizonte, 9,3% dos entrevistados optam pelo PT e apenas 2,0% pelo PSDB. Do total de entrevistados, 26,4% rejeitam qualquer partido político.
Fonte: Innovare
Em São Paulo, o Datafolha divulgou que 84% dos presentes à manifestação do dia 18 não têm preferência por partidos. Mas, o instituto também apurou (e não divulgou como informação) a preferência partidária entre os manifestantes. Este conhecimento só é possível pela análise dos dados brutos da pesquisa. Do total de 805 entrevistados, 172 se declararam simpáticos ao PT (21% do total), contra 57 que declararam opção pelo PSDB (7%).
O Datafolha apurou, mas não  divulgou, a preferência partidária dos manifestantes
Motivos para o protesto: todos os possíveis
Como ficou transparente nas próprias manifestações, os motivos para a participação nos protestos variaram intensamente, formando uma pauta genérica e demasiadamente ampla. Em São Paulo, conforme o Datafolha, 67% dos paulistanos disseram que o motivo que levou cerca de 65 mil pessoas a protestarem em São Paulo, no dia 13, foi o aumento no preço das passagens do transporte municipal. Para 38%, as pessoas foram às ruas protestar contra corrupção. Para 35%, o protesto foi contra os políticos. Aparecem ainda como motivos a reivindicação de mais qualidade no transporte (27%) , mais segurança (20%), contra a violência ou repressão da polícia (18%), pela tarifa zero ou passe livre (14%), pela saúde (7%), contra gastos com Copa das Confederações ou Copa do Mundo (5%), pela educação (5%), pelo salário mínimo ou salário (1%) e para fazer bagunça ou baderna, entre outros motivos menos citados. Como cada pessoa pode mencionar mais de um motivo, a soma das respostas é maior do que 100%.
Já no dia 18, ainda em São Paulo, o protesto contra o aumento da passagem foi citado por 57%, seguido respostas contra corrupção (40%), contra a violência e repressão da polícia (31%), por um transporte público de melhor qualidade (27%) e contra os políticos (24%), entre outras.
Em Belo Horizonte, a Innovare chegou a um resultado inusitado. Apenas 8,0% dos entrevistados acreditam que o maior problema seja o transporte coletivo – causa primeira das manifestações. A Segurança pública aparece com 8,2% de respostas. Pela ordem de importância, os três maiores problemas identificados pelos jovens são: Educação (26,9%), Saúde (também com 26,9%) e a corrupção com 15,8%.
Principal fator para sua vida melhorar
Essa questão foi apresentada aos entrevistados pelo Instituto Data Popular. Do total, 53% responderam que o próprio esforço é o principal fator para sua vida melhore. Deus vem em segundo lugar, com 31% das citações e a família em terceiro, com 11%. As ações governamentais foram lembradas por apenas 2% dos entrevistados.
Perfil dos participantes
No caso da manifestação ocorrida dia 22, em Belo Horizonte, 80% dos presentes residem na cidade de Belo Horizonte, os demais 20% são moradores de alguma cidade da Região Metropolitana ou em uma cidade do interior do Estado. Mulheres e homens participaram das manifestações na mesma proporção, informa o Innovare.
A maioria era de jovens (54,5%) com menos de 25 anos. Somente 26,5% deles declararam possuir mais de 40 anos de idade. A escolaridade média dos entrevistados é elevada, quando comparada com a média da população brasileira. Cerca de 33,0% deles possuem curso superior e outros 32,0% possuem curso superior incompleto. A grande maioria faz parte da População economicamente ativa (70,7%), contra 20,8% dos que apenas estudam. Finalmente, metade dos entrevistados possuem uma renda familiar, somando-se os rendimentos de todos os membros da família, abaixo de 5 salários mínimos mensais.
Em São Paulo, a pesquisa do Datafolha apurou que 61% dos participantes na manifestação do dia 20 eram homens e 39% mulheres. A maior parte dos manifestantes tem entre 21 e 35 anos (30% até 25, e 35% até 35). Já 23% têm entre 12 e 20 anos, 8% entre 36 e 50 e 4% têm 51 ou mais. Sobre escolaridade, 78% dos manifestantes da Av. Paulista têm Ensino Superior, 20% Médio e apenas 2% Fundamental.

Principais meios de informação
Em Belo Horizonte, os participantes obtêm informações sobre as manifestações através das redes sociais. O Facebook com 69,9%, a internet com 66,7% são os meios de informação mais utilizados pelos manifestantes. A  TV fica  com 37,4%.
O mesmo ocorreu em São Paulo, onde 81% se informaram do ato do dia 18 pelo Facebook. No total, 85% dos presentes buscaram informações pela internet.
Acesse a pesquisa completa do Instituto Datafolha para o dia 18.
Acesse a pesquisa do Instituto Datafolha para o dia 20, no site da Folha de São Paulo.
Acesse a pesquisa do instituto Innovare.
Acesse a pesquisa do Instituto Data Popular no site da BBC Brasil.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

As medidas do governo federal para redução das tarifas

Segundo Mantega, Governo
Federal já fez o que podia
Desonerações permitem redução de, em média 7%, nas passagens de ônibus
O governo federal sistematizou, durante a semana, o conjunto de medidas já adotadas e que permitem  a redução dos custos de toda a cadeia do transporte público. As desonerações abragem desde a fabricação de ônibus e vagões de metrô até os serviços de transporte, passando pela compra de combustíveis e outros insumos utilizados pelo setor. Com isso, o custos das tarifas podem cair em média 7% nos ônibus e 10% nos metrôs e trens, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O ministro também disse que o governo federal não tem mais condições de reduzir impostos que incidem sobre o transporte público. O governo federal está com dificuldades de cumprir a meta de economizar 2,3% do PIB para pagar juros da dívida e vem sendo criticado por isso. Mais cortes de impostos tornariam ainda mais difícil atingir o objetivo.
Veja abaixo as principais medidas tomadas e o impacto possível sobre as tarifas nas capitais:
1. Desoneração da folha de pagamentos
a. Para o setor de transportes urbano rodoviário, metroviário e ferroviário:
Desde janeiro de 2013, foi eliminada a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento das empresas de serviço de transporte. Em contrapartida, essas empresas passaram a pagar apenas 2% sobre seu faturamento, com impacto anual estimado de R$ 1,45 bilhão.
b. Para fabricação de ônibus e equipamentos ferroviários:
Para as empresas fabricantes também foi adotada a eliminação da contribuição patronal na folha. Nesse caso, houve a adoção de uma contribuição de 1% sobre o faturamento, resultando em uma desoneração de R$ 176 milhões por ano.
2. Eliminação do PIS/Cofins
Desde o início deste mês, está em vigor a Medida Provisória 617, que elimina a incidência de PIS/Cofins sobre a receita das empresas de transportes urbano rodoviário, metroviário e ferroviário. A alíquota anterior era de 3,65%.
3. Redução para zero da Cide sobre diesel
Desde junho de 2012, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) foi reduzida a zero para os combustíveis. Com essa redução, reduz-se o preço do óleo diesel utilizado pelos ônibus urbanos, contribuindo diretamente para a diminuição dos custos do transporte público. Para todos os combustíveis, a estimativa da renúncia fiscal com a redução a zero da Cide é de R$ 11,4 bilhões.
4. Redução da tarifa de energia elétrica
Em janeiro, o governo federal viabilizou a redução dos preços da energia elétrica, insumo utilizado pelo sistema de metrô. A redução das tarifas foi de 20% em média. Isto significa uma redução de cerca de 3% nos custos das empresas do metrô. De acordo com a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), o gasto médio de energia mensal, em Belo Horizonte, reduziu-se de R$ 1,25 milhão para R$ 800 mil; em Recife, passou de R$ 2 milhões para R$ 1,4 milhão.
5. IPI Zero para ônibus
Os ônibus estão isentos de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados), iniciativa que certamente contribui para a redução dos preços finais dos ônibus, com impacto sobre a tarifa de transporte.
6. Redução do custo de financiamento na aquisição de ônibus
Em 2013, a taxa de juros para a compra de ônibus, vagões e locomotivas está estipulada entre 3% e 4%, dentro do programa federal PSI (Programa de Sustentação do Investimento). O prazo de financiamento é de até 10 anos. Com essa redução de custo financeiro, incentiva-se a aquisição de ônibus pelas empresas de transporte público. Desde 2009, já foram desembolsados R$ 11,6 bilhões para o transporte urbano e rodoviário no âmbito do PSI.
7. Subsídios do governo federal para o metrô
Graças também aos subsídios, o preço do bilhete de metrô em Natal, Maceió e João Pessoa é de R$ 0,50 desde 2003. Em Belo Horizonte, é de R$ 1,80 desde 2007

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O grafismo moderno de Olly Moss

Sou apaixonado pela arte gráfica e cheguei, tempos idos, a trabalhar na área, produzindo cartazes, cartilhas e outros.
Mesmo fora desse mercado, continuo acompanhando o que há de bom e novidadeiro.
Foi numa dessas monitorias que me deparei com Olly Moss, um talento de apenas 26 anos. Moss é inglês, designer gráfico e ilustrador, que usa e abusa das cores e dos efeitos para produzir resultados de uma beleza plástica invejável, como mostram algumas das peças que reproduzo abaixo. Outra marca do rapaz é o senso de humor. No resumo, uma linguagem e atraente.
Moss é uma revelação da recente industria do cinema, e cada vez mais requisitado para a produção de cartazes de filmes. Entre outros, fez cartazes para uma nova edição da trilogia Guerra nas Estrelas; Batman, o Cavaleiro das Trevas e para a última adaptação musicada de Os miseráveis, de Victor Hugo.
Também vem atuando na produção de caixas para jogos eletrônicos.
Acesse o site de Olly Moss.
Cartaz para Batman, O Cavaleiro das Trevas
Cartaz para o musical Os Miseráveis
Porcelana com fundo inspirado em vídeo games
 
Outra leitura do Aranha
Um Pokemon

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Não é o que parece

Mais uma pesquisa contraria expectativas pessimistas no país
Reproduzo abaixo artigo de Delfim Netto publicado ontem, no Jornal Valor Econômico. O artigo comenta pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Pew Research Center em 39 países, inclusive o Brasil. A enquete sonda como as pessoas sentem suas vidas e suas expectativas de futuro. No nosso caso, os dados mostram, mais uma vez, que a esperança e o otimismo predominam, acima de todas as aves de mau agouro, ainda que existam motivos para preocupações. Eis o artigo:
Como tem feito nos últimos anos, o Pew Research Center divulgou, em 23 de maio, os resultados de sua pesquisa sobre como os cidadãos de 39 países "sentem" as suas vidas e explicitam suas esperanças sobre o futuro próximo. O levantamento ouviu nada menos do que 37.653 pessoas no período de 2 de março a 1º de maio de 2013.
No Brasil, uma amostra estratificada pelas cinco regiões, e pelo tamanho dos municípios, pôs em contato físico com os pesquisadores, entre 4 de março e 21 de abril, 900 pessoas adultas. A estimativa do erro amostral é de mais ou menos 4,1%. Em todos os países o levantamento tem erro amostral relativamente próximo, de forma que as porcentagens das respostas podem ser diretamente comparadas.
O Brasil sai bem na fotografia. O fato mais interessante é que os resultados da pesquisa contrariam as expectativas pessimistas que hoje parecem prevalecer em amplos setores da sociedade brasileira. Qual seria um indicador das expectativas mais profundas de qualquer cidadão? É difícil dizer. Provavelmente, entretanto, ninguém recusaria que a resposta à questão: "Quais suas esperanças para o nível de bem estar dos seus filhos: será ele melhor ou pior do que o seu?" contém uma informação importante sobre aquelas expectativas. A resposta no caso brasileiro deixa pouca dúvida, como se vê abaixo.
Das 900 pessoas adultas consultadas em todo o Brasil, 684 diante da sua situação atual e das perspectivas que enxergam para o futuro manifestaram a esperança que o bem-estar dos seus filhos seria melhor do que o seu. É difícil conciliar essa resposta com as manifestações de pessimismo que emanam de alguns setores da sociedade, principalmente o financeiro.
O levantamento da Pew contém outras informações que confirmam aquela esperança. É o caso, por exemplo, das respostas à questão: "Nos próximos 12 meses (de maio de 2013 a abril de 2014), a situação da economia nacional vai melhorar ou piorar?" (veja tabela "Resultados da pesquisa").
Existe uma certa correlação entre as duas respostas, mas a distância do Brasil e da China da mediana dos países emergentes (48, 25 e 17, respectivamente) revela claramente as expectativas mais otimistas dos seus cidadãos. Fato importante é que, quando a pesquisa pergunta se a situação pessoal do entrevistado é boa ou ruim, os aspectos positivos da situação brasileira se destacam, como se observa no quadro abaixo.
Uma questão fundamental revelada pela pesquisa é a sensação generalizada que a organização social em que vivemos, uma economia de mercado controlada pelas finanças (cujo codinome é "capitalismo financeiro"), é portadora de graves problemas de desigualdade, que favorecem os mais ricos. Em 31 dos 39 países participantes da amostra, mais de metade da população considera a desigualdade um grave problema (no Brasil, 75%).
Com algumas exceções, na maioria dos países há a sensação de que o funcionamento do sistema beneficia os mais ricos (no Brasil, 80%). O curioso é que em nenhum deles, com exceção da Alemanha (onde o nível de desigualdade cresceu enormemente), a redistribuição das riquezas é colocada como uma prioridade nacional.
Nessa perspectiva mundial, é difícil dizer que a economia brasileira vai tão mal quanto insistem alguns de nossos analistas financeiros. Temos sim problemas graves que precisam ser enfrentados, o mais importante dos quais é devolver à indústria nacional o vigor que lhe foi tirado por uma política econômica que, descuidadamente, roubou-lhe as condições isonômicas de competição.
A análise histórica dos levantamentos feitos pelo mesmo Pew Research, feitos de 2010 a 2013, deixam, entretanto, uma pequena preocupação. Aos olhos das pessoas consultadas no Brasil, a administração geral do país parece ter sofrido uma ligeira deterioração, ainda que a variação do indicador não seja significativa (tendo em vista os erros de amostragem). A resposta à mesma pergunta feita em todos os anos - "Em geral, você está satisfeito ou não, como as coisas estão indo hoje?" mostra isso (veja tabela "Grau de satisfação").
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras no Valor.
Acesse o artigo Não é o que parece no site do Valor Econômico.

A história reclama urgência

A periferia veio para o centro,
sinais do novo Brasil.
A classe média quer mais – e mais rápido
Entre os meios de comunicação e lideranças políticas (partidárias, sindicais e dos movimentos em geral), Dilma é vista como pessoa de pouca prosa. Não conversa, dizem. Não faz política, reclamam. Eu mesmo compartilho parcialmente dessa opinião.
Entre os conservadores e representantes do mercado, a presidenta é vista como intervencionista e ideológica demais. Peitou os bancos, por exemplo. Peitou os rentistas. Peitou as concessionárias de energia elétrica.
Dilma se manteve firme na manutenção de macro políticas capazes de ampliar a geração de empregos e a inclusão social. Ao mesmo tempo, chamou às falas o setor produtivo, sem deixar de lhe oferecer a mão. As desonerações e a redução drástica das taxas de juros são exemplos.
Sua performance pessoal e seu governo são amplamente aprovados pela população, como mostram as pesquisas mais recentes.
E eis que, de repente, é vaiada e uma onda de protestos varre o país com uma pauta de demandas que vai de um a tudo, depois de iniciar focada na questão das tarifas de passagens no sistema de transporte coletivo de São Paulo.
Como entender isso?
Acredito que estava demorando a acontecer.
O Governo Federal, nas mãos de Dilma não-conversa-mas-faz,vinha sofrendo um duro isolamento entre os grandes meios formadores de opinião.
A julgar pela cobertura midiática, a situação econômica do país estaria à beira do penhasco. No Congresso Nacional, a bancada de situação virou peça de ficção, a começar pelo comportamento do PMDB – diretamente responsável pela articulação que levou Marcos Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A bancada evangélica, uma minoria conservadora e que nem de longe expressa o tamanho dos evangélicos no país, conseguiu ocupar o centro da cena com a Cura Gay. Há o famigerado “Estatuto do Nascituro”. Há a PEC 37. A queda de braço em torno da destinação dos royalties do petróleo para a área da Educação continua.
O Governo Federal vai apanhando calado. A política de comunicação não funciona, como postei aqui recentemente. Os movimentos sociais, digamos, clássicos – com suas clássicas bandeiras plenamente incorporadas no plano de realizações, calaram-se e viraram fiscais de obras. Isso vale, inclusive, para o PT que vacilou frente ao movimento, sem saber como tratá-lo.
Ao mesmo tempo, o país bate cabeça para superar um atraso histórico, fruto de um histórico projeto nacional elitista, ainda presente e forte nos centros de tomada de decisão.
Estava na hora de alguém fazer alguma coisa. E a nova “classe média” fez. Aproveitou o momento propício oferecido pela Copa das Confederações e o anúncio do aumento das passagens em São Paulo e foi às ruas. Tomou uma porrada da polícia de Geraldo Alckmin e, então, acordou. Se encheu de brilho e raça. Foram-se os tempos quando a banda tocava assim, responderam. A ditadura acabou.
Acima de qualquer outra coisa, esse movimento é produto do novo Brasil, inaugurado com Lula, mas que vem sendo construído a décadas pela ação das forças progressistas desse país.
Ninguém entre os protestantes levantou a voz para criticar as reformas que estão sendo realizadas no país desde 2003. Pelo contrário. Os filhos e filhas da nova classe média querem é que as reformas sejam aprofundadas. Batem na direita do espectro político. Fortalecem Dilma, ainda que não a elogiem. Tudo bem.
Os sintomas de uma nova politização global estão por toda a parte.
Seria uma anomalia se não fosse assim, num mundo que engendra uma nova ordem para as próximas décadas.
Ontem, em pronunciamento, Dilma estendeu a mão ao movimento. Há de se esperar que tenha sido o primeiro gesto de recomposição da força política e social que tem feito o Brasil andar para a frente.
Recomendo, fortemente, a leitura de três artigos divulgados ontem sobre o assunto.
Acesse As ruas fazem soar alarme para o PT e o governo, de Breno Altman.
Acesse "Por que o Brasil e agora?", pergunta o El País, de Juan Arias.
Acesse Saturação e projeto, de  Saul Leblon.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Qual é a do Valor Econômico?

Ao contrário do jornal, homem de Obama diz que o Brasil vai muito bem, obrigado
Bam bam bam de Obama, Mohamed diz
que Brasil está no caminho certo
Foto: Internet
O Jornal Valor Econômico é, de longe, um dos melhores jornais diários do Brasil. Os conteúdos tem boa relevância, a linguagem é esmerada, já ganhou diversos prêmios e é considerado um dos três veículos mais admirados do país, na categoria Jornal, de acordo com o jornal Meio & Mensagem, dedicado ao setor.
Em termos de circulação, é o maior jornal especializado que temos (economia, finanças e negócios), segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Trata-se, portanto, de um importante formador de opinião, especialmente as pessoas com alto poder de renda.
Cerca de 90% de seus leitores pertencem as chamadas “classes” A e B e 89% dos assinantes possuem algum tipo de aplicação financeira (dados da Marplan).
Fiel a seu público, o jornal é repleto de notícias sobre o vai e vem das bolsas de valores, fundos de investimentos, cotação do dólar, cenário externo e outras informações praticamente ininteligíveis para a maior parte da população.
Até ai, tudo bem.
Acontece que o Valor Econômico padece de um problema genético. Nascido do feliz casamento entre as Organizações Globo e o Grupo Folha de S.Paulo, que o controlam, herdou no DNA a vocação para o conservadorismo e para a defesa do rentismo, o que explica sua forte preocupação com a questão dos juros.
Este jornal entrou destemidamente na campanha em favor da elevação da taxa básica de juros – a pretexto de conter a inflação – e não poupa o leitor: bombardeia com analises, pareceres, prognósticos e outras opiniões de consultores a serviço do rentismo, que alarmam para o suposto estado pré caótico da economia nacional nas mãos da presidenta Dilma.
Todo esse trololó sobre o Valor vem a propósito de comentar duas matérias publicadas na edição de hoje. Uma é “Brasil vive forte crise de confiança, acredita governo”. A outra é “O Brasil está fora de risco, diz Pimco”.
Na primeira, que não cita fonte alguma, exceto a entidade “governo”, o jornal alimenta o medo de possíveis investidores ao manchetar que a própria autoridade econômica reconhece a existência de uma crise de confiança na sua capacidade de liderança. É como se Dilma e Mantega assumissem que a coisa realmente está fora de controle. O quadro desenhado no conjunto da matéria nem é tão alarmante. Mas, como sabem os editores, o que vale é o título.
Já a segunda peça jornalística apresenta uma entrevista com Mohamed El-Erian, CEO da Pimco, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, com US$ 2 trilhões de patrimônio. Mohamed, como aparentemente prefere ser chamado, é um bam bam bam incensado entre os altíssimos executivos mundiais e presidente do Global Development Council – uma especie de conselho pessoal do presidente Obama para os assuntos relativos às políticas de desenvolvimento globais dos EUA. Este conselho foi criado em fevereiro do ano passado.
Chega a ser divertido notar o esforço do jornalista para arrancar de Mohamed uma crítica ao Brasil. Esforço inglório.
Declarações do “consigliere” de Obama colhidas da entrevista:
“Brasil tem dificuldades como qualquer outro país”;
“O Brasil está resistente à volatilidade global e fora de risco”;
“Os brasileiros são os maiores críticos de si mesmos. O resto de nós é menos crítico”;
“ Brasil e México foram os menos afetados. São os mercados que consideramos mais atraentes".
Para bom entendedor, um pingo é letra.
Boa parte das matérias do Valor são exclusivas para assinantes. Mas o mortais podem acessá-las em vários serviços de clipagem disponíveis, tais como o do Ministério do Planejamento.
Acesse o site do Valor Econômico.