Ao contrário do
jornal, homem de Obama diz que o Brasil vai muito bem, obrigado
Bam bam bam de Obama, Mohamed diz que Brasil está no caminho certo Foto: Internet |
O Jornal Valor
Econômico é, de longe, um dos melhores jornais diários do Brasil.
Os conteúdos tem boa relevância, a linguagem é esmerada, já
ganhou diversos prêmios e é considerado um dos três veículos mais
admirados do país, na categoria Jornal, de acordo com o jornal Meio
& Mensagem, dedicado ao setor.
Em termos de
circulação, é o maior jornal especializado que temos (economia,
finanças e negócios), segundo dados do Instituto Verificador de
Circulação (IVC).
Trata-se,
portanto, de um importante formador de opinião, especialmente as
pessoas com alto poder de renda.
Cerca de 90% de
seus leitores pertencem as chamadas “classes” A e B e 89% dos
assinantes possuem algum tipo de aplicação financeira (dados da
Marplan).
Fiel a seu
público, o jornal é repleto de notícias sobre o vai e vem das
bolsas de valores, fundos de investimentos, cotação do dólar,
cenário externo e outras informações praticamente ininteligíveis
para a maior parte da população.
Até ai, tudo
bem.
Acontece que o
Valor Econômico padece de um problema genético. Nascido do feliz
casamento entre as Organizações Globo e o Grupo Folha de S.Paulo,
que o controlam, herdou no DNA a vocação para o conservadorismo e
para a defesa do rentismo, o que explica sua forte preocupação com
a questão dos juros.
Este jornal
entrou destemidamente na campanha em favor da elevação da taxa
básica de juros – a pretexto de conter a inflação – e não
poupa o leitor: bombardeia com analises, pareceres, prognósticos e
outras opiniões de consultores a serviço do rentismo, que alarmam para o suposto estado pré caótico da economia nacional nas mãos da presidenta
Dilma.
Todo esse trololó sobre o Valor vem a propósito de comentar duas matérias publicadas na edição de hoje. Uma é “Brasil vive forte crise de confiança, acredita governo”. A outra é “O Brasil está fora de risco, diz Pimco”.
Todo esse trololó sobre o Valor vem a propósito de comentar duas matérias publicadas na edição de hoje. Uma é “Brasil vive forte crise de confiança, acredita governo”. A outra é “O Brasil está fora de risco, diz Pimco”.
Na primeira, que
não cita fonte alguma, exceto a entidade “governo”, o jornal
alimenta o medo de possíveis investidores ao manchetar que a própria
autoridade econômica reconhece a existência de uma crise de
confiança na sua capacidade de liderança. É como se Dilma e
Mantega assumissem que a coisa realmente está fora de controle. O
quadro desenhado no conjunto da matéria nem é tão alarmante. Mas,
como sabem os editores, o que vale é o título.
Já a segunda
peça jornalística apresenta uma entrevista com Mohamed El-Erian,
CEO da Pimco, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, com US$
2 trilhões de patrimônio. Mohamed, como aparentemente prefere ser
chamado, é um bam bam bam incensado entre os altíssimos executivos
mundiais e presidente do Global Development Council – uma especie
de conselho pessoal do presidente Obama para os assuntos relativos às
políticas de desenvolvimento globais dos EUA. Este conselho foi
criado em fevereiro do ano passado.
Chega a ser
divertido notar o esforço do jornalista para arrancar de Mohamed uma
crítica ao Brasil. Esforço inglório.
Declarações
do “consigliere” de
Obama colhidas da
entrevista:
“Brasil tem dificuldades como qualquer outro país”;“O Brasil está resistente à volatilidade global e fora de risco”;“Os brasileiros são os maiores críticos de si mesmos. O resto de nós é menos crítico”;“ Brasil e México foram os menos afetados. São os mercados que consideramos mais atraentes".
Para bom entendedor, um pingo é letra.
Boa parte das
matérias do Valor são exclusivas para assinantes. Mas o mortais
podem acessá-las em vários serviços de clipagem disponíveis, tais
como o do Ministério do Planejamento.
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Brasil vive forte crise de confiança, acredita governo.
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"O Brasil está fora de risco, diz Pimco”.
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