segunda-feira, 17 de junho de 2013

Qual é a do Valor Econômico?

Ao contrário do jornal, homem de Obama diz que o Brasil vai muito bem, obrigado
Bam bam bam de Obama, Mohamed diz
que Brasil está no caminho certo
Foto: Internet
O Jornal Valor Econômico é, de longe, um dos melhores jornais diários do Brasil. Os conteúdos tem boa relevância, a linguagem é esmerada, já ganhou diversos prêmios e é considerado um dos três veículos mais admirados do país, na categoria Jornal, de acordo com o jornal Meio & Mensagem, dedicado ao setor.
Em termos de circulação, é o maior jornal especializado que temos (economia, finanças e negócios), segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Trata-se, portanto, de um importante formador de opinião, especialmente as pessoas com alto poder de renda.
Cerca de 90% de seus leitores pertencem as chamadas “classes” A e B e 89% dos assinantes possuem algum tipo de aplicação financeira (dados da Marplan).
Fiel a seu público, o jornal é repleto de notícias sobre o vai e vem das bolsas de valores, fundos de investimentos, cotação do dólar, cenário externo e outras informações praticamente ininteligíveis para a maior parte da população.
Até ai, tudo bem.
Acontece que o Valor Econômico padece de um problema genético. Nascido do feliz casamento entre as Organizações Globo e o Grupo Folha de S.Paulo, que o controlam, herdou no DNA a vocação para o conservadorismo e para a defesa do rentismo, o que explica sua forte preocupação com a questão dos juros.
Este jornal entrou destemidamente na campanha em favor da elevação da taxa básica de juros – a pretexto de conter a inflação – e não poupa o leitor: bombardeia com analises, pareceres, prognósticos e outras opiniões de consultores a serviço do rentismo, que alarmam para o suposto estado pré caótico da economia nacional nas mãos da presidenta Dilma.
Todo esse trololó sobre o Valor vem a propósito de comentar duas matérias publicadas na edição de hoje. Uma é “Brasil vive forte crise de confiança, acredita governo”. A outra é “O Brasil está fora de risco, diz Pimco”.
Na primeira, que não cita fonte alguma, exceto a entidade “governo”, o jornal alimenta o medo de possíveis investidores ao manchetar que a própria autoridade econômica reconhece a existência de uma crise de confiança na sua capacidade de liderança. É como se Dilma e Mantega assumissem que a coisa realmente está fora de controle. O quadro desenhado no conjunto da matéria nem é tão alarmante. Mas, como sabem os editores, o que vale é o título.
Já a segunda peça jornalística apresenta uma entrevista com Mohamed El-Erian, CEO da Pimco, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, com US$ 2 trilhões de patrimônio. Mohamed, como aparentemente prefere ser chamado, é um bam bam bam incensado entre os altíssimos executivos mundiais e presidente do Global Development Council – uma especie de conselho pessoal do presidente Obama para os assuntos relativos às políticas de desenvolvimento globais dos EUA. Este conselho foi criado em fevereiro do ano passado.
Chega a ser divertido notar o esforço do jornalista para arrancar de Mohamed uma crítica ao Brasil. Esforço inglório.
Declarações do “consigliere” de Obama colhidas da entrevista:
“Brasil tem dificuldades como qualquer outro país”;
“O Brasil está resistente à volatilidade global e fora de risco”;
“Os brasileiros são os maiores críticos de si mesmos. O resto de nós é menos crítico”;
“ Brasil e México foram os menos afetados. São os mercados que consideramos mais atraentes".
Para bom entendedor, um pingo é letra.
Boa parte das matérias do Valor são exclusivas para assinantes. Mas o mortais podem acessá-las em vários serviços de clipagem disponíveis, tais como o do Ministério do Planejamento.
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