A figura acima retrata uma rede com 48.481 componentes fortemente conectados, todos falando de Dilma |
Muito bom o exercício de Fabio Malini, um doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de mestre em Ciência da Informação. Seria importante que outros especialistas nos presenteassem com estudos desse tipo.
Em estudo chamado "Dilma nas redes sociais: o fim da bipolaridade política e o desejo de radicalizar mudanças", Malini sondou a quantas anda a luta política nas redes sociais. Para isso escolheu o Twitter e investigou o tamanho, bem como a qualidade da “rede” Dilma (formada pelas menções ao nome da presidenta).
Concluiu entre outras coisas que, até a data da pesquisa, essa rede possui uma densidade enorme e que não para de crescer, ou seja, aumentam o número de conexões, e da disputa pelo que Dilma significa.
Conclusões de Maline:
Há um grupo, marcado em azul claro nas imagens, formando por aqueles que são de oposição a Dilma há anos. Trata-se de uma rede compacta (ficam juntos), porque se retuitam. Destaques para esse grupo são @robertofreire, @faxinanopoder, @joapaulom, @blogdonoblat, mirandasa_, blogolhonamira, @lidpsdbsenado, @rede45.
Um segundo grupo, em vermelho, é formando pelos que seguram o rojão da presidenta na rede. Trata-se de rede política consolidada, segundo o pesquisador e nela se destacam @zedeabreu, @stanleyburburin, @ptnacional, @blogdilmabr, @emirsader, @rogeriocorrea.
Um terceiro grupo (em verde), forma a grande novidade do momento. Inclui pessoas e temas mais próximos das demandas expressas pelas ruas, especialmente aqueles que os outros dois “não gostam muito de discutir”: a relação entre gastos públicos e Copa, a questão indígena, a crítica do que é esquerda e direita (são inúmeros temas). Tem perfil mais independente e aumentado sua relevância na conversação pela rede. Seus destaque são @iavelar, @helenapalm, @teclologoexisto, @semfimlucrativo, @matheusrg, @personalescrito, @tsavkko, @cadulorena.
No caso da grande mídia, os jornalões formam pontos de forte difusão, mas num grupo à parte que não participa de forma ativa na conversação/manifestação.
É o caso do @estadao, muito retuitado por seus seguidores e usuários diversos, mas que forma rede pequena em torno do jornal.
Essa é uma característica tipica da mídia da comunicação unidirecional estabelecida pelos informativos tradicionais. Eles apenas mandam mensagem e não retuitam seus seguidores.
O mesmo ocorre com certas celebridades, como Marcelo Tas e Rafinha Bastos, que são perfis muito retuitados, mas que também não retuitam.
Retuitar é estabelecer relações e quem não cria relações não tem tem perspectiva, afirma o pesquisador.
Finalmente, para Malini, a riqueza da rede Dilma está em apontar para o fim de uma polaridade entre dilmistas e não dilmistas, e na intensidade dos subgrupos que resolveram debater a política e seus significados, muito além da factualidade das notícias.
De modo interessante, a pesquisa mostra como essa disputa consegue inclusive influenciar conhecidos comentaristas. São os casos de Noblat e Mônica Bergamo.
Noblat é muito retuitado, principalmente pela rede em azul. Por isso acaba sendo atraído por ela e assumindo, de forma necessára, a perspectiva de seus leitores.
Já a jornalista Mônica Bergamo, é atraída pela rede em vermelho e tende, por isso, a assumir o lado dos dilmistas.
Rede da Perspectiva Anti-Dilma no Twitter |
Grupo de Defesa da Perspectiva Dilmista na Rede |
Em verde, os novos atores da opinião pública |
O Estadão: mancha à esquerda é formada por seguidores. À direita, perfis diversos. O jornal não conversa com a rede. |