A Organização Internacional do Trabalho – OIT, publicizou hoje, segunda-feira, 3 de junho, o relatório “O Mundo do Trabalho 2013 – Reparando o Tecido Econômico e Social”.
O documento analisa a situação do emprego no mundo, após cinco anos de crise financeira internacional.
O quadro geral desenhado no documento não é bom, ainda que apresente algumas boas notícias, especialmente quanto às conquistas dos chamados países emergentes nos últimos anos. Conquistas que, entretanto, podem ser comprometidas se a economia mundial continuar patinando na crise.
Como mostram outros relatórios, a situação é pior nos países de renda mais alta.
Entre 2010 e 2011, em 14 das 26 economias avançadas pesquisadas, incluindo a França, Dinamarca, Espanha e Estados Unidos, as desigualdades de renda aumentaram, como reflexo do desemprego demorado.
Os grupos de renda média estão encolhendo, a pobreza crescendo e os ricos enricando, como de costume.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os 7% mais ricos da população tiveram um aumento de patrimônio líquido de 56% em 2009 para 63% em 2011. Os restantes 93% dos norte-americanos viram seu patrimônio declinar.
Perdem os trabalhadores e as pequenas empresas que vão ficando para trás, em termos de lucros e investimentos produtivos, devido às condições de crédito bancário.
Essa situação, segundo o relatório, está começando a rasgar o tecido econômico e social desses países. Uma evidência desta constatação está no pedido de desculpas do primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, a todos os compatriotas forçados a emigrar por não conseguirem trabalho na Itália.
O pedido foi feito no último domingo, no diário La Stampa.
No caso dos chamados “emergentes e em desenvolvimento”, vem ocorrendo o inverso.
As estatísticas mostram que nesses países, o emprego está em alta e que há uma importante redução das desigualdades de renda.
Na América Latina e, mais recentemente, na África e na região árabe, o tamanho dos grupos de renda média aumentou de 263 milhões em 1999 para 694 milhões de 2010. O investimento produtivo, a valorização dos salários mínimos e a proteção social são as principais causas destes avanços em países como Brasil, Costa Rica, Índia, Indonésia, Turquia e Vietnã.
No caso do Brasil, é notório que sem a formalização crescente do mercado de trabalho, o fortalecimento do mercado interno e as fortes política sociais do Governo Federal durante os governos Lula e Dilma, não teríamos resistido às pressões da crise internacional.
O desafio é consolidar esse progresso e afastar os riscos de retrocesso.
O risco existe e é alto.
De acordo com o relatório da OIT, o número de pessoas consideradas em situação de vulnerabilidade passou de 1,117 milhões em 1999 para 1,925 milhões em 2010, principalmente em economias de baixa e baixa e média renda.
Este grupo é quase três vezes maior que o grupo de renda média e corresponde às pessoas que acabaram de sair do nível de pobreza. Basta um tropeço e elas voltam ao ponto de partida. Isso num cenário onde os atuais 200 milhões desempregados no mundo devem passar para quase 208 milhões até 2015.
Este problema não tem solução de curto prazo.
Entre os conselhos da OIT, três em especial deveriam ser amplamente difundidos no Brasil:
- Abolir as crenças negativas sobre o impacto das intervenções do governo sobre a competitividade e o crescimento econômico;
- Abolir as percepções negativas sobre as políticas de distribuição de renda e de reforço aos direitos dos trabalhadores sobre o investimento produtivo e a criação de mais empregos;
- Acabar rapidamente com ineficiências ainda não resolvidas no sistema financeiro.
Baixe o relatório O Mundo do Trabalho 2013 – Reparando o Tecido Econômico e Social ( em inglês).