É necessário olhar com cautela as
pesquisas e as noticias
O Institute for Management (IMD),
considerado uma importante escola de negócios da Suíça, divulgou
essa semana um relatório que mereceu muito destaque na imprensa
nativa.
O relatório, chamado IMD World
Competitiveness Yearbook, analisa o desempenho de 60 economias e
faz um ranqueamento da competitividade das nações.
Esses ranqueamentos são sempre
complicados, por diversas razões, como tenho enfatizado neste Blog.
O esforço de comparar a economia
norte-americana com a da Africa do Sul ou da Coreia, por exemplo, só
pode levar a conclusões inúteis. Ranqueamentos, para serem
eficientes, precisam confrontar realidades mais homogêneas.
Outo fator agravante são as fontes de
dados.
Essas agências utilizam, na maior
parte das vezes, fontes internacionais desatualizadas em relação
aos dados produzidos pelas organizações locais. Quanto maior o
número de informações, maior a chance de erro. No caso do
relatório produzido pelo IMD, foram considerados 60 países e 333
indicadores organizados em quatro grupos: desempenho econômico,
eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura.
Cerca de 2/3 dos dados concretos utilizados vieram de organismos
internacionais como o FMI, Banco Mundial, OCDE e OIT e de
instituições privadas (CB Richard Ellis, Mercer HR Consulting,
PriceWaterhouseCoopers e, no caso brasileiro, a Fundação Dom
Cabral).
O terço restante foi obtido em
consultas a executivos de negócios de médio e alto escalão.
Naquilo que interessa ao país e que
chamou a atenção da imprensa, perdemos cinco posições no ranking
em apenas um ano, passando da 46ª colocação em 2012 para o 51º
lugar este ano.
É um mau resultado considerando que o
documento se destina às grandes empresas e serve como uma espécie
de guia para negócios.
Por outro lado, o Brasil nunca esteve
bem posicionado no ranqueamento do IMD.
No primeiro ano da pesquisa, em 1997, a
economia brasileira era considerada apenas a 34ª mais competitiva
entre 46 países estudados. Nos anos seguintes, despencamos até
chegar à 49ª colocação, em 2007. Houve uma recuperação no
período seguinte e chegamos ao 38º lugar em 2010. Mas, na medição
realizada para 2011 já estávamos novamente no final da fila, em 44º
lugar, continuando a cair desde então.
O relatório de competitividade do IMD
não é o único existente.
Ele concorre com outros, como o
Relatório de Competitividade Global, elaborado pelo Fórum Econômico
Mundial (WEF, na sigla em inglês) e que mostra um quadro
relativamente diferente. Este relatório também é realizado com o
apoio da Fundação Dom Cabral.
Na série histórica, de acordo com os
estudos do Fórum Econômico Mundial, a trajetória do país é
ascendente, passando da 72ª colocação em 2007 para a 64ª em 2008
e 56ª em 2009. Em 2010, houve um pequeno tropeço em função da
crise mundial e recuamos para o 58º lugar. No levantamento realizado
em 2011, com 142 países, voltamos a crescer e o Brasil havia subiu
cinco posições no ranking de competitividade global, passando a
ocupar a 53ª posição. Em 2012, entre com 144 países, crescemos
mais cinco posições e ficamos com a 48ª colocação.
Não sei qual dos relatórios é mais
confiável. Naturalmente, prefiro o do WEF. Mas sei que é necessário
ter muito cuidado com o noticiário diário. O Brasil vive, sim,
problemas grandes para manter o padrão de crescimento alcançado na
última década. Mas está no rumo certo.
Acesse o relatório, em inglês, IMD World Competitiveness Yearbook, do Institute for Management.
Acesse o relatório, também em inglês,
Relatório de Competitividade Global 2012-2013, do Fórum Econômico
Mundial.