Governo Federal quer 6 mil médicos
cubanos para atender moradores de áreas carentes
Tenho insistido neste blog quanto à
luta do país para melhorar a qualidade dos profissionais formados em
nossas escolas. Esta é uma das exigências a serem atendidas para que
o Brasil consiga sustentar seu crescimento econômico e social.
As soluções para essa demanda são de
longo prazo.
Implicam na construção de uma
pedagogia desde a educação básica que aposte na formação
integral da pessoa; na melhoria da qualidade do ensino superior; em
investimentos na competitividade da indústria e em Ciência e
Tecnologia; na ampliação da experiência vivida pelos profissionais; em planos de carreira consistentes para as categorias profissionais dedicadas ao serviço público, e
outras.
Os dados disponíveis mostram que temos
avançado em todos esses terrenos. Muitas ações, entretanto, são
recentes. É o caso, entre outras, da educação infantil ou da aposta
no ensino médio profissionalizante. Vão levar tempo para maturar.
Por outro lado, as ações em curso no
país demandam esses profissionais desde já e, principalmente,
interior a fora. O caso dos médico é especialmente gritante.
A pesquisa “Demografia Médica no
Brasil”, sobre a qual postei em 19 de fevereiro e realizada pelo
próprio Conselho Federal de Medicina - CFM, revela a forte tendência
de o médico fixar moradia na cidade onde fez graduação ou
residência. As cidades que abrigam escolas médicas também são
aquelas que concentram o maior número de serviços de saúde,
públicos ou privados. Junta-se a fome com a vontade de comer. Em boa
medida, isso explica a alta concentração de médicos na grandes
capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Não é de agora que o Governo Federal
tem buscado soluções para o problema. Entre elas, atrair médicos
da Espanha e de Portugal onde muitos estão desempregados por causa
da crise; fortalecer o Programa de Valorização do Profissional na
Atenção Básica (Provab); mudar os critérios e procedimentos para
abertura de cursos de medicina no país direcionando-os para as
regiões onde a presença desses profissionais é escassa, entre
outras medidas.
A iniciativa mais recente foi anunciar
a contratação de cerca de 6 mil médicos cubanos para atender em
regiões carentes. A medida foi anunciada na última segunda-feira
(06) em um encontro entre o ministro de Relações Exteriores do
Brasil, Antonio Patriota, e seu colega cubano, Bruno Eduardo
Rodríguez Parrilla.
A reação do CFM foi virulenta. Em
nota, classificou a medida como “eleitoreira, irresponsável e
desrespeitosa”. Discordo. Vale a pena ler sobre este assunto
carta do médico Pedro Saraiva, enviada ao Blog de Luis Nassif, com
informações esclarecedoras e amplamente favorável à proposta do
governo.
Acesse a nota do Conselho Federal deMedicina.
Acesse a carta do Dr. Pedro Saraiva no Blog do Nassif.