sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Brasil é, de fato, um dos menos competitivos do mundo?


É necessário olhar com cautela as pesquisas e as noticias
O Institute for Management (IMD), considerado uma importante escola de negócios da Suíça, divulgou essa semana um relatório que mereceu muito destaque na imprensa nativa.
O relatório, chamado IMD World Competitiveness Yearbook, analisa o desempenho de 60 economias e faz um ranqueamento da competitividade das nações.
Esses ranqueamentos são sempre complicados, por diversas razões, como tenho enfatizado neste Blog.
O esforço de comparar a economia norte-americana com a da Africa do Sul ou da Coreia, por exemplo, só pode levar a conclusões inúteis. Ranqueamentos, para serem eficientes, precisam confrontar realidades mais homogêneas.
Outo fator agravante são as fontes de dados.
Essas agências utilizam, na maior parte das vezes, fontes internacionais desatualizadas em relação aos dados produzidos pelas organizações locais. Quanto maior o número de informações, maior a chance de erro. No caso do relatório produzido pelo IMD, foram considerados 60 países e 333 indicadores organizados em quatro grupos: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura. Cerca de 2/3 dos dados concretos utilizados vieram de organismos internacionais como o FMI, Banco Mundial, OCDE e OIT e de instituições privadas (CB Richard Ellis, Mercer HR Consulting, PriceWaterhouseCoopers e, no caso brasileiro, a Fundação Dom Cabral).
O terço restante foi obtido em consultas a executivos de negócios de médio e alto escalão.
Naquilo que interessa ao país e que chamou a atenção da imprensa, perdemos cinco posições no ranking em apenas um ano, passando da 46ª colocação em 2012 para o 51º lugar este ano.
É um mau resultado considerando que o documento se destina às grandes empresas e serve como uma espécie de guia para negócios.
Por outro lado, o Brasil nunca esteve bem posicionado no ranqueamento do IMD.
No primeiro ano da pesquisa, em 1997, a economia brasileira era considerada apenas a 34ª mais competitiva entre 46 países estudados. Nos anos seguintes, despencamos até chegar à 49ª colocação, em 2007. Houve uma recuperação no período seguinte e chegamos ao 38º lugar em 2010. Mas, na medição realizada para 2011 já estávamos novamente no final da fila, em 44º lugar, continuando a cair desde então.
O relatório de competitividade do IMD não é o único existente.
Ele concorre com outros, como o Relatório de Competitividade Global, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) e que mostra um quadro relativamente diferente. Este relatório também é realizado com o apoio da Fundação Dom Cabral.
Na série histórica, de acordo com os estudos do Fórum Econômico Mundial, a trajetória do país é ascendente, passando da 72ª colocação em 2007 para a 64ª em 2008 e 56ª em 2009. Em 2010, houve um pequeno tropeço em função da crise mundial e recuamos para o 58º lugar. No levantamento realizado em 2011, com 142 países, voltamos a crescer e o Brasil havia subiu cinco posições no ranking de competitividade global, passando a ocupar a 53ª posição. Em 2012, entre com 144 países, crescemos mais cinco posições e ficamos com a 48ª colocação.
Não sei qual dos relatórios é mais confiável. Naturalmente, prefiro o do WEF. Mas sei que é necessário ter muito cuidado com o noticiário diário. O Brasil vive, sim, problemas grandes para manter o padrão de crescimento alcançado na última década. Mas está no rumo certo.
Acesse o relatório, em inglês, IMD World Competitiveness Yearbook, do Institute for Management.
Acesse o relatório, também em inglês, Relatório de Competitividade Global 2012-2013, do Fórum Econômico Mundial.