Não há dúvida que o mundo caminha para adoção de formas de produção baseadas em energias limpas. O “ecologicamente correto” está se espalhando por todos os setores. O que está em questão é o prazo para que isso ocorra – e ele será longo, além do custo da migração de uma economia baseada em carbono para outra, amparada em fontes renováveis. Isso explica a falta de consensos nos fóruns internacionais sobre o tema, o descumprimento de metas e as resistências a se abandonar as matrizes energéticas tradicionais.
O fato é que a chamada economia verde representa uma parcela ainda muito pequena do mercado global de bens e serviços. Mesmo com o consistente crescimento anual das transações, estima-se que até 2020 os serviços “ecologicamente corretos” vão movimentar cerca de 2,2 bilhões de dólares anuais. É um volume apenas três maior que o atual.
As dificuldades para o crescimento da economia verde apareceram com destaque durante os preparativos para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Foram frequentes as queixas de vários países, especialmente entre os chamados ”emergentes”, quanto às dificuldades que enfrentam devido aos altos custos e complexos regimes regulatórios internacionais.
Esses países, entretanto, são os que melhores condições possuem para fazer a migração. Eles contam com abundantes recursos renováveis, o parque industrial instalado é relativamente pequeno e têm feito por onde ocupar espaço. Do total de investimentos realizados em 2010 em fontes renováveis de energia, mais da metade foi feito pelos países em desenvolvimento.
O informe Green Economy and Trade Trends, Challenges and Opportunities (Comércio e economia verde; tendências, desafios e oportunidades) recém divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, trata justamente desse movimento. O informe é uma tentativa de resposta aos apelos da Rio+20.
Além de mostrar como esses países (entre eles o Brasil) estão bem posicionados para alavancar uma nova configuração econômica mundial, apresenta um diagnóstico do crescimento da economia verde em seis setores chave (pesca, agricultura, silvicultura, indústria, energias renováveis e turismo) e uma série de recomendações para que a comunidade internacional facilite a vida dos emergentes.
A iniciativa é boa. Mas, na prática, melhor não esperar que o primeiro mundo dê ouvidos ao PNUMA.
Acesse o informe (em inglês, como sempre...) Green Economy and Trade Trends, Challenges and Opportunities.