Na foto, pistola feita com plástico e produzida com uma impressora 3D foi disparada com sucesso pela primeira vez nos Estados Unidos. Foto: BBC |
Todos os dias surgem novos e claros sinais de que estamos ingressando em um estágio de desenvolvimento de nossas sociedades que impõe enormes desafios à compreensão e à normatização. Em boa medida isso se deve aos avanços tecnológicos.
De uma forma inédita na história humana esses avanços se popularizam e estão ao alcance de qualquer pessoa. Como os mobiles - celulares e tablets, atualmente universalizados – ou quase.
A impressão em 3D vai pelo mesmo caminho. Um dia provavelmente todos nós teremos um desses brinquedinhos em casa, como as atuais multifuncionais. Os preços estão caindo e essa tecnologia já é facilmente acessível para pequenas e médias empresas e utilizada em ramos de produção como em joalheria, calçado, design de produto, arquitetura, automotivo, aeroespacial e indústrias de desenvolvimento médico.
Um belo exemplo do bom uso dessa tecnologia foi dado ano passado pelo Instituto Nacional de Tecnologia que passou a produzir comercialmente replicas em três dimensões de fetos copiados ainda no útero das futuras mamães. O procedimento é útil para monitorar malformações cujo tratamento pós parto poderá ser melhorar planejado e é um avanço em relação ao tradicional ultrassom.
Um perigoso exemplo, por outro lado, acaba de ser dado pela Defense Distributed, uma organização sem fins lucrativos pró-armas norte-americana. A Defense Distributed fabrica partes de armas em plástico usando impressoras 3D e posta os modelos online para qualquer pessoa baixar.
Sua mais recente realização é um rifle AK-47 “imprimível”.
Bom lembrar que nos Estados Unidos qualquer um pode fabricar uma arma de fogo para uso pessoal desde que não se encaixe na Lei Nacional de Armas de fogo. Se fosse uma arma automática, por exemplo, seria ilegal. Também seria ilegal se a Defense Distributed iniciasse um negócio de fabricação para vender armas sem licença.
Não é o caso. Tudo é feito em nome do direito de se portar uma arma de fogo e os modelos distribuídos graciosamente via internet.
O objetivo da organização, encabeçada pelo estudante de direito da Universidade do Texas, Cody Wilson, é tornar inócuas as tentativas de controle de armas.
“Existem governos no mundo todo que dizem que você não pode ter armas de fogo. Mas isto não será mais possível, eu vejo um mundo onde a tecnologia poderá fazer com que você tenha o que você quiser. Não depende mais dos políticos”‘, afirmou o líder do grupo em entrevista à BBC.
A notícia representa um novo desafio para as políticas de segurança publica em todo o mundo e deve reforçar, inclusive, os movimentos conservadores que tentam impor maiores níveis de controle sobre a internet. A possibilidade de cada cidadão fabricar a própria arma em casa é um problema. Além do acesso fácil, elas pode passar despercebidas por detectores de metal de aeroportos e prédios públicos. Isso é, de fato, assustador.
Com informações do Jornal Nacional, do Portal da impressão 3d e da IDG NOW!.
Abaixo, matéria do Jornal da Globo 27 de julho de 2009 sobre a impressão em 3D e do portal Ciência Hoje sobre a impressão de réplicas tridimensionais de fetos antes do nascimento.