segunda-feira, 20 de maio de 2013

Déficit habitacional cai no Brasil sem beneficiar famílias de renda mais baixa

Ilustração "O Morro", do projeto Favela Painting
Em Contagem, déficit é de 19.777 moradias. Em Minas são necessárias 519.493 novas moradias
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea divulgou no último dia 17, Nota Técnica tratando do déficit habitacional brasileiro para o período 2007/2011.
As notícias são boas – ainda que nem tanto e mostram o grande desafio que ainda temos nessa frente da batalha pela melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.
Em números grandes, o balanço é positivo. Segundo a nota, a deficiência de 5,6 milhões de habitações registrada em 2007, caiu para 5,4 milhões, em 2011. Essa redução pode parecer tímida. Mas, no mesmo período, o número de domicílios no país cresceu de 55.918.038 para 61.470.054 residências, enquanto a população residente passou de 183. 987.291 para 192.376.496 habitantes.
Esses valores deixam claro que o déficit recuou. Era de 10% em 2007 e chegou a 8,8% em 2011 – cerca de 12% em termos relativos.
Para chegar a essa conclusão, o IPEA leva em consideração quatro quesitos: situações de domicílios considerados precários; a coabitação, ou seja, casos de várias famílias que moram temporariamente na mesma residência; os casos nos quais as famílias que comprometem mais de 30% da renda no pagamento de aluguel e, finalmente, casas onde mais de três pessoas dividem o mesmo quarto (adensamento).
A combinação desses componentes mostra que a parcela mais significativa do déficit permanece urbana, nas grandes capitais e no Sudeste, especialmente, com 81% do total.
O fator decisivo para explicar essa realidade é o ônus excessivo do aluguel – e, obviamente, o custo elevado dos imóveis.
De acordo com os pesquisadores, o comprometimento de uma parcela maior da renda para o pagamento de aluguel passou a ser a causa mais importante no levantamento sobre a deficiência habitacional do país, atingindo 3,5% dos domicílios pesquisados, ou seja, mais de 2,1 milhões de famílias gastam mais de 30% de sua renda com aluguel.
Por isso mesmo, o avanço geral conquistado no período não beneficiou as famílias com renda de até três salários mínimos, que concentravam 70,7% do total em 2007 e 70,6% em 2011.
Na zona rural, bem como nas regiões Norte e Nordeste o fator que mais influencia a formação do déficit habitacional é a precariedade dos domicílios. No caso da zona rural brasileira, apesar da situação ter melhorado, a precariedade das residências é responsável por 75% do déficit total.
Minas e Contagem
Em Minas Gerais, a coabitação e o ônus excessivo com aluguel são as principais razões para o déficit habitacional de 519.493 moradias, ou 8,5% – relativamente em linha com o quadro nacional em termos percentuais.
Desse total, 237.506 moradias abrigam famílias que vivem em regime de coabitação e 198.933 são residências alugadas por valor que consome mais de 30% da renda familiar dos moradores.
Já Contagem, a situação é um pouco pior.
O levantamento do IPEA acusa um déficit habitacional igual a 10,55%, ou seja, de 19.777 moradias. A principal razão para este déficit é a coabitação temporária de famílias na mesma residência – indicando a falta de condições para pagar aluguel ou adquirir um imóvel próprio. Foram registrados 10.617 domicílios nesta situação. Além disso, em pelo menos 7.805 casos, os locadores comprometem mais de 30% da renda no pagamento de aluguel, além dos casos de famílias que vivem em ambientes improvisados, rústicos ou precários de modo geral.
Na apuração município a município, infelizmente, não há a pormenorização por faixa de renda. É bom lembrar, entretanto, que a cidade possui 23.011 famílias atendidas pelo programa Bolsa Famílias e pelo menos 52.664 cadastradas no Cadastro Único, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.
A dificuldade para que as famílias com este perfil consigam alcançar o sonho da casa própria pode ser observada em Contagem pelo fraco desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida para a faixa de renda de 0 a 3 mínimos, apesar de todos os esforços da administração Marília Campos.
Baixe a lista completa do déficit habitacional dos municípios brasileiros com todas as componentes e subcomponentes, população e número de domicílios.