domingo, 5 de maio de 2013

Vozes da Classe Média

SAE avalia peso dos pequenos empreendedores na formação a classe média brasileira
Os pequenos empreendedores são a principal força produtiva no desenvolvimento da assim chamada “nova” classe média brasileira. Nos últimos dez anos, pouco mais de 40% dos pequenos empreendedores e de seus empregados eram classe média. Hoje, esse número passou para 55%.
O setor movimenta uma massa de remuneração que supera R$ 500 bilhões. O valor representa 39% do volume total da renda do País e é superior ao PIB de diversos países, como o Chile.
Informações como essas constam da terceira edição do caderno “Vozes da Nova Classe Média”, lançada na última segunda-feira (29), pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea lançaram
A publicação faz parte do esforço que vem sendo realizado pelo Governo Federal para melhor compreender a chamada “nova” classe média brasileira: sobre a evolução, valores, o comportamento e as aspirações, a fim de subsidiar a formulação de políticas públicas.
Esta edição está focada no papel do pequeno empreendedor na economia nacional, especialmente, sua contribuição para a expansão da classe média. O estudo teve como base dados de 2011, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD).
Uma das principais conclusões do estudo, entretanto, é que o número de empreendedores vem diminuindo em função, principalmente, do crescimento da oferta de vagas com carteira assinada. Este fato não chega a preocupar os autores do documento. Para eles, trata-se de uma dupla melhora: de um lado, uma parcela maior da população passou a gozar dos benefícios trabalhistas; de outro, a redução da concorrência predatória melhorou as perspectivas para os negócios remanescentes. O lucro aumentou e houve maior qualificação dos empreendedores. O tempo de estudo entre os pequenos empreendedores, por exemplo, subiu de 6,48 anos completos em 2000, para 7,73 em 2010.
Entre principais relevações da pesquisa estão:
• O Brasil tem 92 milhões de trabalhadores. Desses, 22 milhões são pequenos empreendedores: 19 milhões por conta própria e três milhões de empregadores com até dez empregados.
• Enquanto 4,3% da força de trabalho brasileira é formada por empregadores, a média mundial é de 3,9%.
• Quanto aos trabalhadores por conta própria, a média mundial é de 19,5%, enquanto no Brasil 20,5% da força de trabalho é formada desse tipo de trabalhador.
• Enquanto, em 2001, apenas 20% dos pequenos empreendedores contribuíam para a previdência, dez anos depois (em 2011) essa porcentagem já alcançava 28%.
• A remuneração média (R$ 1,2 mil por mês) nos postos de trabalho ocupados pelos próprios empreendedores e seus empregados é muito similar à média para o conjunto dos trabalhadores brasileiros (R$ 1,3 mil por mês).
• Atualmente quase metade (49%) dos pequenos empreendedores pertence à classe média, 30% à classe alta e 21%, à classe baixa, o que faz o grupo bastante heterogêneo.
• Ao longo da última década, houve expansão da classe média em oito pontos percentuais, passando de 41%, em 2001, para 49%, em 2011, dos pequenos empreendedores.
• Para os pequenos empreendedores envolvidos em atividades agropecuárias, a classe média ainda responde por menos da metade (44%) dos ocupados e encontra-se em amplo processo de expansão. De fato, em dez anos, cresceu 15 pontos percentuais (de 29% para 44%),
• O número de trabalhadores brancos ocupados é igual ao número de trabalhadores negros ocupados. Porém, ao analisar a proporção de brancos e negros em cada tipo de ocupação, os brancos são mais frequentes nas ocupações de renda tipicamente mais elevada.
• Os brancos também parecem conseguir melhores postos de trabalho quando exercem a ocupação de empregados em pequenos empreendimentos, pois são maioria entre os formais e também nas classes de renda mais elevadas.
• Em qualquer tipo de ocupação analisada, há uma clara presença maior de negros quando se passa do segmento formal ao informal, o que termina por refletir na posição que os negros tipicamente ocupam nas classes de renda.
• Em relação à classe de renda, os negros são predominantes na classe baixa, enquanto que, na classe alta, os brancos predominam. Esse universo engloba todos os trabalhadores avaliados.
• Ao analisar os empreendedores pela ótica da educação, do total de trabalhadores ocupados, 11% possuem o ensino fundamental completo, 36% têm o fundamental incompleto, 29% detêm o ensino médio completo e 18% possuem alguma educação superior.
• Os trabalhadores com alguma educação superior representam 18% da população dos ocupados, mas equivalem a 35% dos pequenos empregadores. Consideramos, portanto, que esse nível educacional predomina nesse tipo de atividade.
Baixe a terceira edição do caderno Vozes da Nova Classe Média.