Aterro Sanitário de Contagem: vida útil próxima do fim. |
O serviço de coleta de lixo no Brasil já alcança cerca de 90% da população, estando próximo da universalização. O problema, cada vez mais grave, é a destinação das toneladas de resíduos produzidas diariamente.
Falta pouco mais de um ano para que os municípios deem fim à destinação inadequada de resíduos, conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Até 2014, os lixões devem ser erradicados e substituídos por aterros sanitários; devem estar em funcionamento os programas de coleta seletiva separando o lixo reaproveitável do rejeito, e todos os municípios devem ter seus planos de resíduos sólidos.
Todavia, mais de 3 mil municípios brasileiros ainda dão destino inadequado aos resíduos e, na maioria dos casos (60% dos municípios), as iniciativas para implantação dos programas de coleta seletiva ainda são precárias.
É o caso de Contagem.
De acordo com informações do site da Prefeitura, a coleta seletiva é realizada em apenas nove bairros, alcançando cerca de seis toneladas de materiais recicláveis por mês. O número é baixo e a meta da Prefeitura é chegar a 20 bairros até o final deste ano – número ainda pequeno considerando que a cidade tem mais de 130 bairros.
A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - Abrelpe, divulgou um relatório atualizado sobre o assunto.
Os dados da pesquisa mostram que o volume de recursos aplicados pelas administrações públicas na coleta e destinação adequada do lixo tem crescido. Mas ainda está longe de ser suficiente. Inclusive porque a produção de lixo não para de crescer.
A geração de lixo por pessoa aumentou de 955g por dia para 1,223 kg nos últimos dez anos. Paradoxalmente, em parte, isso se deve ao aumento da renda das famílias. Pessoas com mais dinheiro no bolso consomem mais embalagens plásticas e outros produtos cujo impacto ambiental é maior que o dos resíduos orgânicos. A maioria dos municípios tem menos de 10 mil habitantes, têm baixa capacidade de arrecadação e não dão conta de enfrentar esse problema sozinhos.
Não surpreende, portanto, que o relatório mostre a região Nordeste como a com maior percentual de resíduos levados para destinações inadequadas, como lixões.
No Nordeste, apenas 77% do lixo produzido é coletado e 65%, um total de 25,8 mil toneladas por dia, não recebe destinação final adequada.
A melhor cobertura de coleta foi verificada no Sudeste (96,8%). Essa região é também a que melhor destina os resíduos (72%). Ainda assim, em 51% das cidades da região, 854 municípios, não há tratamento adequado dos resíduos.
Os grandes números do lixo:
Acesse o documento Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2012 no site da Abrelpe.
- De 2003 a 2012, a população do Brasil aumentou 9,65%.
- No mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do que o dobro disso, 21%. A geração de lixo por pessoa aumentou de 955g por dia para 1,223 kg;
- Em 2012, foram gerados no Brasil cerca de 64 milhões de toneladas de resíduos. Isso equivale a uma geração per capita de 383 kg /ano.
- O crescimento em relação a 2011 foi de 1,3% no lixo por habitante, índice superior à taxa de crescimento populacional registrada no mesmo período, que foi de 0,9%;
- O serviço de coleta chegou a 55 milhões de toneladas em 2012 - aumento de 1,9% em comparação a 2011;
- Os número da coleta indicam uma cobertura de serviços superior a 90% no país;
- Os recursos investidos cresceram cerca de 7% em 2012, atingindo a média de R$ 11,00/habitante/mês;
- Do total coletado, 58% (quase 32 milhões de toneladas), tiveram destinação adequada em aterros sanitários;
- Quase 24 milhões de toneladas, em 3 mil cidades brasileiras, foram enviadas para destinos considerados inadequados. Esse volume representa 37,5% do total;
- Outros 6,2 milhões de toneladas de resíduos não foram sequer coletados - número 3% inferior em relação a 2011;
- Apenas 766 municípios brasileiros, cerca de 14% do total, operam programas de coleta seletiva;
- Cerca de 60% dos municípios declararam ter algum tipo de iniciativa de coleta seletiva.