País precisa de 6 milhões de
profissionais estrangeiros, diz SAE
Um dos gargalos que nosso país
enfrenta para se afirmar como potência mundial é a falta de
profissionais altamente qualificados, especializados e com grande
experiência que possam atender a demanda atual da economia
brasileira.
Ano passado, a empresa Manpower Group,
uma consultoria internacional em soluções empresariais, verificou
que o Brasil é o segundo país do mundo em dificuldade para
preencher vagas, atrás apenas do Japão. A falta de candidatos
disponíveis e a falta de especialização são apontadas por
empresários como as duas principais razões do problema. Áreas como
medicina, engenharia civil, engenharia química e arquitetura são
algumas nas quais o país precisa de mais profissionais do que os
disponíveis, aponta levantamento realizado pela Brasil Investimentos
e Negócios (Brain), consultoria que realiza pesquisas sobre a
inserção do Brasil no mercado internacional e colabora da
Secretária de Assuntos Estratégicos da Presidência da República –
SAE. Campanhas para atrair médicos estrangeiros para o setor público
já existem em diversos Estados brasileiros.
Pesquisas Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – Ipea, apontam em direção semelhante, ainda
que localizem o problema da falta de profissionais qualificados mais
na base da piramide salarial que entre os altos salários.
Um exemplo da alta demanda por mão de
obra especializada está na indústria do petróleo. Aquecido com as
recentes descobertas de petróleo e gás nos últimos anos, o setor
incorporou 49.801 profissionais de países como a Grã-Bretanha,
Estados Unidos, Noruega, Holanda e França entre 2010 e 2012,
conforme dados da Coordenação Geral de Imigração (CGIg), que faz
parte do Ministério do Trabalho em Emprego (MTE). O setor
petrolífero é líder na emissão dos vistos para estrangeiros no
país, com 25% do total de permissões de trabalho temporárias e
permanentes no período.
No caso da industria petrolífera, os
profissionais mais procurados são aqueles que lidam com
infraestrutura (construção de plataformas de petróleo e sistema de
dutos), engenheiros navais, pesquisadores em geologia, entre outros.
Essa carência levou a SAE a elaborar
um plano para atração de profissionais estrangeiros que pode chegar
a 6 milhões de vistos (entre permanentes e temporários) nos
próximos anos, especialmente na áreas de engenharia e saúde.
Não se trata de uma política geral de
imigração, esclareceu o ministro-chefe interino da SAE Marcelo Neri
em declaração à agência BBC Brasil. É uma estratégia de atração
de cérebros que não inclui imigrantes de baixa qualificação e que
elevar o número de estrangeiros residentes dos atuais 0,2% da
população para 3%.
Pessoalmente, acho positiva essa
política embora saiba que ela vai esbarrar na resistência dos
sindicatos e associações de classe. Na mesma matéria da BBC
Brasil, o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo
Pinheiro, o presidente da Federação Nacional dos Arquitetos,
Jeferson Salazar e o presidente da Federação Nacional dos Médicos,
Geraldo Ferreira, são categóricos ao afirmar que o número de
profissionais formados que ingressam no mercado de trabalho
anualmente é suficiente para atender à demanda existente.
Não é essa a questão. O assunto é a
qualificação desses profissionais para atender ao nível de
exigências que o novo ciclo de crescimento do país impõe.
O governo federal, como se sabe, tem
investido na qualificação dos brasileiros, seja nos níveis
salariais mais baixos, seja no topo. Um exemplo é o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, criado
em 2011 com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação
profissional e tecnológica.
No caso do ensino universitário, além
da facilitação do acesso por meio de diversos programas e ações
(Fies, Pibid, ProUni, Reuni, Promisaes) e que tem resultado em
efetivo aumento do número de matriculados, os indicadores de
qualidade da educação superior apontam para uma sensível melhoria
do padrão.
Ainda assim, dados do último Censo da
Educação Superior, válidos para 2011, mostram que entre 2.136
universidades, faculdades e centros universitários então existentes
no país, metade (50,6%) estavam com conceito 3, considerado apenas
satisfatório pelo Ministério da Educação. O censo
indica uma melhoria geral do desempenho
das escolas superiores, com queda no número de instituições com
conceitos 1 e 2, considerados insuficientes, e crescimento daquelas
nos níveis 4 e 5, que são os mais desejáveis. Que tá bom tá, mas
pode melhorar.
O problema é que os resultados das
ações que o governo federal tem adotado para melhorar a
qualificação de nossos trabalhadores vão demorar algumas gerações
para aparecerem. Até lá, e até que o país consiga liquidar a
dívida histórica que tem com a educação, a solução, ao que
parece, é mesmo importar profissionais numa escala muito maior que
a praticada até agora e com benefícios no plano imediato. Além da
formação de uma massa crítica, cada profissional estrangeiro
empregado no Brasil poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos para
brasileiros, garante Marcelo Neri.
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Acesse matéria sobre o projeto da SAE
no site da BBC Brasil.
Acesse matéria sobre a contratação
de mão de obra estrangeira no setor petrolífero também na BBCBrasil.
Baixe a pesquisa Pesquisa de Escassez
de Talentos 2012 da Manpower Group.
Baixe os resultados do Censo Censo da Educação Superior 2011.
Baixe relatório de autorizações de
trabalho concedidas a estrangeiros pelo MTE.