Ciência avança na criação de
“órgãos de reposição”
O Dr. Francisco Fernandez-Aviles com seu projeto de coração humano criado em laboratório Foto: Gautam Naik/The Wall Street Journal |
Venho acompanhando, com bastante
interesse, as evoluções no campo da bioengenharia.
Trata-se de uma área inovadora e que
carrega uma forte promessa em termos da prorrogação da vida humana,
especialmente no que se refere à criação de órgão em
laboratório, com fins de transplantes.
Defendo essa possibilidade por algumas
razões.
Em primeiro lugar porque ela é mais
eficiente que o transplante de órgãos doados ou produzidos com
materiais sintéticos. As, digamos, “peças de reposição”
cultivadas podem ser desenvolvidas a partir de células do próprio
paciente. Isso significa a eliminação de problemas ligados à
rejeição, comuns nos demais casos.
Em segundo lugar, é uma alternativa
viável que responde à escassez de doadores de órgãos e à
crescente demanda por transplantes.
Finalmente, com a descoberta de que as
células-tronco podem ser encontradas na medula óssea e em outras
partes do corpo humano, além dos fetos, as resistências – de
fundo religioso, em sua maioria – ao desenvolvimento dessas
pesquisas perderam a razão de ser.
Por isso, me chamou a atenção matéria
publicada pelo jornal Valor Econômico dia 27 último, reproduzindo
artigo do The Wall Street Journal.
A matéria registra avanços alcançados
pela medicina na construção de órgãos humanos avulsos.
Essas experiências vem sendo
realizadas desde a década de 1990, e com sucesso em vários casos de
implante. No início, entretanto, envolviam componentes mais simples,
como bexigas e traqueias. Com as conquistas da técnica, os
cientistas vêm dando passos mais ousados e há uma variedade itens
programados na linha de produção, desde vasos sanguíneos simples
até o fígado humano, passando por narizes, orelhas e, maior das
ousadias por enquanto, o coração.
Este é, justamente, o foco da matéria.
O texto relata o experimento que vem sendo realizado pelo médico
Francisco Fernández-Avilés, chefe do serviço de investigação do
hospital madrilenho Gregorio Marañón e professor na Universidad
Complutense de Madrid.
Avilés e sua equipe estão tentando
criar um coração em laboratório. A expectativa é que, em 10 anos,
possam começar a transplantar corações cultivados.
Na minha opinião, é uma grande
notícia. Vale a pena monitorar.
Acesse a matéria do The Wall StreetJournal.
Acesse a tradução da matéria no
Valor Econômico.
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