Crimes violentos acompanham crescimento e descentralização econômica
Dados reunidos pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos - Cebela, divulgados ontem em Brasília, mostram que somente em 2010, foram assassinadas 36.792 pessoas no Brasil, uma média de cem por dia ou de quatro por hora. Uma a cada quinze minutos. A média de assassinatos é o dobro daquela que a ONU considera tolerável (dez para cada cem mil habitantes).
O estudo focaliza os últimos 30 anos de mortalidade por armas de fogo no Brasil. São homicídios, suicídios e acidentes, pela ação de armas de fogo. Verifica-se também, em diferentes capítulos, a incidência de fatores como o sexo, a raça/cor e as idades das vítimas dessa mortalidade.
Também são apontadas as características da evolução dos óbitos por armas de fogo nas 27 Unidades da Federação, as 27 Capitais e nos municípios com elevados níveis de mortalidade causada por armas de fogo.
Na página do Cebela podem ser encontradas, ainda, planilhas com os dados de mortalidade por armas de fogo dos 5565 municípios brasileiros.
Os números apurados não são nada bons.
Por exemplo, o o conflito armado do Iraque, entre 2004 e 2007, resultou em 76.266 mortos.
No Sudão, outro país em convulsão, os mortos foram 12.719, um pouco a mais do que os 12.417 registrados no Afeganistão.
No mesmo período, os mortos da Colômbia foram 11.833.
No mesmo período, no Brasil, ocorreram 147.343 mortes por armas de fogo.
Esse número é ainda mais impactante quando comparado com o total de vítimas fatais registradas em doze países que viveram conflitos armados. Da República do Congo ao Paquistão, passando pela Somália, por territórios palestinos e por Israel foram 169.574 mortos.
O Mapa da Violência 2013 mostra que as mortes por armas de fogo se disseminaram rapidamente por todo o país, deixando de se concentrar nos dois ou três maiores centros urbanos do Brasil.
A explicação para isso parece surpreendente. Segundo os pesquisadores isso se deve à desconcentração industrial e migração interna provocada pela expansão geográfica de atividades econômicas. Ou seja, quanto mais a indústria e a economia se desconcentram, mais a violência segue o mesmo caminho.
É um problema para os estados. Ainda que o governo nacional também tenha sua própria política de segurança, a responsabilidade é dos estados que se mostram, na maioria das vezes, incapazes de frear a violência que cresce e se dispersa na medida em que aumenta e é disseminada a oferta de trabalho assegurada pelas políticas macroeconômicas do governo federal.
Acesse a página do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos – Cebela.
Baixe o relatório Mapa da Violência 2013/Mortes matadas por arma de fogo.