Papa Francisco, um conciliador? Foto: Vincenzo Pinto/AFP |
Em 2010, a Argentina preparava-se para votar a lei do casamento gay.
Na época, coube ao então Cardeal Jorge Bergoglio defender publicamente a posição contrária da Igreja Católica. Bergoglio cumpriu a tarefa e escreveu uma carta onde classificava a lei como “uma pretensão destrutiva aos planos de Deus”.
Isso levou dezenas de milhares de seus seguidores às ruas de Buenos Aires condenando a lei como obra do diabo e o cardeal ganhou fama de homofóbico.
Essa história, e outras certamente, tem pormenores que estavam escondidos e que devem vir à luz pela lavra de Sérgio Rubin, biógrafo autorizado de Sua Santidade, o Papa Francisco.
Em declaração ao jornal The New York Times, publicada ontem, dia 19, Rubin revelou que o Cardeal Jorge Bergoglio foi voto vencido no inflamando encontro de bispos que debateu o assunto e definiu a posição da Igreja argentina.
Segundo ele, na opinião do Papa, a união civil seria "menor de dois males" e que seria necessário um diálogo maior com a sociedade. Essa teria sido a única derrota de Bergoglio em seis anos como chefe da conferência dos bispos da Argentina.
Outro que atesta a conduta pragmática do atual Papa é Marcelo Márquez, um líder dos direitos dos homossexuais e teólogo, segundo o mesmo jornal. "Ele (o Papa) me disse que os homossexuais precisam ter direitos reconhecidos e que apoiava uniões civis, mas não casamentos do mesmo sexo", testemunhou Márquez.
Parece, enfim, que existem diferenças importantes a serem consideradas entre Francisco e Bento XVI. “A melodia pode ser a mesmo, mas o som é completamente diferente”, sinteza Alberto Melloni, diretor da Fundação João XXIII para a Ciência Religiosa, em Bolonha, na Itália.
Acesse a matéria do The New York Times, em inglês.