É preciso ter cuidado ao avaliar o PIB
PIB brasileiro cresce menos que Brics e
México em 2012. Essa é a grande manchete do jornalismo econômico
esses dias.
Ilustração do espanhol José Benlliure y Gil mostra São Francisco misturado aos pobres pedindo esmola. É do fim dessa realidade que estamos falando. |
O crescimento, de 0,9% do Produto
Interno Bruto - PIB deixou o país com crescimento abaixo do grupo
dos Brics - que também agrega Rússia, Índia, China e África do
Sul.
Prefiro outro enfoque. Um que recebeu
destaque bem menor nos jornais.
Embora ainda bastante elevada para
padrões internacionais, a desigualdade de renda no Brasil, atingiu
em 2011 o menor patamar desde a década de 60.
São dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (Pnad) compilados pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
O movimento observado no Brasil ocorreu
na contramão da tendência mundial.
Em dois terços dos países houve
aumento da desigualdade no período recente, segundo a Unesco.
Locomotivas do crescimento global na última década, a Índia e a
China, por exemplo, não conseguiram avançar com distribuição de
renda, embora tenham reduzido os níveis de pobreza.
A regra geral é a do aumento de
concentração de riqueza, embora na Ásia e mesmo na América
Latina, a pobreza tenha caído nos últimos anos, resultado do
expressivo crescimento desses países no período.
“No meio do milagre econômico
chinês, há um certo purgatório social”, afirma Marcelo Neri,
presidente do Ipea, conforme informação do jornal Valor Econômico.
Com partido único, sem liberdade sindical, sem previdência social e
outros, fica fácil.
A população brasileira escolheu outro
caminho. Crescer com distribuição de renda, respeito aos direitos
sociais e democracia política.
A inclusão de uma parcela expressiva
da população ao mercado de trabalho formal, associada à política
de valorização do salário mínimo e demais políticas de
transferência de renda, está corrigindo gigantescas distorções
criadas em décadas anteriores. “O país mais igualitário da
América Latina ainda tem índices piores do que o mais desigual na
Europa”, continua Neri.
Por tudo isso, é necessário olhar com
cuidado os números do PIB. O crescimento baixo preocupa. Mas,
crescer apenas não basta.
Acesse a matéria PIB brasileiro crescemenos que Brics e México em 2012, no Valor Econômico.
Acesse a matéria Desigualdade diminuino Brasil e sobe nos outros Brics, no mesmo jornal.